Leia Coluna do Airton Engster dos Santos no Jornal Nova Geração de Estrela

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

O último alfaiate de Estrela - José Juver do distrito de Costão




















ESTRELA – Naturais de Poço das Antas, o casal José e Norma Juver já reside há mais de 50 anos no distrito de Costão. Recém casados, se mudaram para Estrela com a missão de iniciar a vida conjugal. José, que é mais conhecido como “alfaiate”, começou na profissão que o apelida ainda com 24 anos. 

Monitorado por um alfaiate do município de origem, aprendeu o básico da profissão e mais tarde, trabalhando em São Pedro da Serra, aperfeiçoou o corte. Hoje, aos 81 anos, ele conta que o início foi difícil, mas destaca que sempre amou a profissão e que sempre contou com a ajuda da esposa para alguns detalhes nas peças. “Eu trabalhava na roça e o pai disse pra mim que podia sair para aprender alguma coisa. Fui no alfaiate mas ele disse que eu era fraquinho, porque antigamente as peças eram pesadas, daí desanimei e fiquei uns anos sem pensar nisso, mas depois fui atrás de novo”, lembra.

Ele recorda que as peças mais solicitadas no início da profissão eram ternos. Recentemente, o serviço diminuiu e os pedidos mudaram. “Tinham dias que eu precisava trabalhar até 1h30min para poder cumprir os prazos, tinha muito trabalho e eu não gostava de atrasar. Hoje me pedem mais calças e reparos, e eu não precisaria mais trabalhar, mas não quero ficar parado”, conta.

O último de Estrela 
José conta que não conhece mais nenhum alfaiate em Estrela. Quando mais novo, ele costumava fazer viagens a Porto Alegre, onde comprava os tecidos, mas hoje as peças são adquiridas em Lajeado. Entre os itens que mais chamam atenção na casa do casal, estão ferros e tesouras antigas, além de máquinas de costura que são utilizados para o serviço. “Tudo é técnica. No início eu acreditava que se os outros tinham aprendido, eu também podia. Quando comecei eu tinha receio e deixava uma folga, para poder ajustar caso não desse certo”, destaca. 

Ele conta que já fez uma calça em cinco horas, mas que geralmente o tempo é de um dia e de três para confeccionar um terno completo. Em tantos anos de serviços, Juver já recebeu clientes de diversos municípios, fez peças para empresas diversas, bandas e também para o Grupo de Danças Folclóricas de Estrela. “Cheguei a fazer 80 peças uma vez”, lembra. 

O alfaiate faz as próprias roupas e algumas também para a esposa. Quando completaram bodas de ouro, o conjunto utilizado por Norma foi confeccionado pelo esposo. “Ele já fez muitas peças para mim”, comenta Norma. A esposa sempre ajudou na produção, principalmente para fazer bainha, mas a modelagem sempre foi feita exclusivamente por José. “A pessoa diz como ela quer, medimos e marco no tecido. Agora, na pandemia, como todo mundo precisava, comecei a fazer máscaras”, comenta. 

A vida em Costão
Hoje em dia Norma já não auxilia nos serviços de alfaiataria. “Porque daí não sobraria trabalho pra mim”, diz Juver em meio à risos. Cuidados com a horta, com a casa, carteado com os vizinhos, tudo faz parte da rotina do casal, que adora a residência em Costão. “Foram feitas muitas casas novas. Muita coisa não existia aqui quando chegamos. Os idosos que moravam por aqui faleceram quase todos e agora nós somos os idosos”, diz Norma. “Mas eu tenho vizinhos muito bons, nunca sairia daqui”, complementa.

Fotos - Airton Engster dos Santos
Texto: Ana Caroline Kautzmann
Jornal Nova Geração

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