Leia Coluna do Airton Engster dos Santos no Jornal Nova Geração de Estrela

terça-feira, 22 de junho de 2021

Antônio Alair Schabbach e secretário Rodrigo Kich visitaram o Memorial de Estrela

Estrela-RS junho de 2021

O professor Antônio Alair Schabbach acompanhado do secretário Rodrigo Kich estiveram no Memorial de Estrela.

O professor elogiou a conservação do acervo e ressaltou a importância ímpar que este material tem para a preservação da cultura em Estrela e Vale do Taquari.

Saiba Mais

Para o diretor do Memorial, Airton Engster dos Santos, é importante compreender que na vida diária se está produzindo uma memória sobre o tempo, grupo social e atividades em geral. “Esse é o primeiro passo para entendermos o nosso papel na história.” Uma das características do Memorial de Estrela será a variedade de objetos, que vai englobar livros, documentos, fotografias, filmes, músicas, artefatos e utensílios. “Isso para estimular as pessoas a doarem alguns objetos que de alguma forma estão ligados a suas vidas e que no Memorial de Estrela irão receber um tratamento especial. Mais do que isso, queremos com o espaço estimular a reflexão sobre a importância de preservar materiais que possam servir de testemunho para gerações futuras”, detalha.

O acervo do Memorial de Estrela será composto de objetos, documentos, fotos, filmes e livros doados por pessoas que estão realmente interessadas em preservar a história. O material impresso recebido, tanto imagens, livros, livretos, calendários, documentos entre outros, será digitalizado, e ferramentas e utensílios serão fotografados. Tudo será disponibilizado para consulta e pesquisa da comunidade. 

Objetos recebidos serão devidamente catalogados, e posteriormente serão utilizados em exposições internas. O material uma vez doado passa a ser de propriedade intransferível e inalienável do Memorial de Estrela. Os interessados em doar livros, revistas, fotografias, utensílios, artefatos, móveis, discos de vinil podem ligar para o telefone (051) 9.9520-6323 ou 3981-1089.

Rua Verno Arend em Estrela em homenagem ao líder empresarial e professor morto em março por Covid-19





Estrela-RS junho de 2021

Filhos de Verno Arend participam de homenagem

Ex-secretário de Estrela, que faleceu em razão da Covid em março, teve descerrada placa de rua que levará seu nome

Um ato realizado no Distrito Industrial de Estrela, no Bairro Pinheiros, marcou a homenagem do Governo de Estrela e da comunidade à pessoa do ex-secretário municipal de Desenvolvimento, Inovação e Sustentabilidade (Sedis), Verno Arend, que faleceu em março em razão da Covid. Na presença dos filhos André e Andrea Arend, também de amigos do ex-empresário e autoridades, o prefeito de Estrela Elmar Schneider sancionou a lei nº 7.396, aprovada por unanimidade na Câmara de Vereadores, que dá o nome da rua asfaltada, e que ainda será inaugurada, a Verno Arend.

Primeiramente, o prefeito Schneider recebeu André e Andrea em seu gabinete, onde já deixou clara a sua admiração pelo ex-secretário. Depois, lhes ofereceu carona até a rua escolhida. No local, a cerimônia informal levou os presentes, principalmente os filhos do ex-secretário, à emoção, diante das palavras dos que se manifestaram, entre eles Pedro Antônio Barth, que por mais de dez anos trabalhou com Verno. O vice-prefeito João Carlos Schäfer; as secretárias municipais Carine Schwingel e Elaine Strehl; o presidente da Câmara de Vereadores, Ernani de Castro; a presidente da Cacis, Andréia Zwirtes Kich; e o presidente da CIC Vale do Taquari, Ivandro Rosa, foram outros que se manifestaram.

O prefeito Elmar Schneider foi o último a falar aos presentes. “Olhem como estamos aqui representados hoje. São vereadores, secretários, empresários, amigos, cidadãos e pessoas ativas da comunidade. Isso é uma pequena amostra do envolvimento enérgico e entusiasmador, e por todos considerado exemplar, que seu Verno Arend tinha com a nossa sociedade”, disse. “Acredito que essa rua, levando seu nome, neste caminho que por sua vez levará ao desenvolvimento, à geração de empregos e renda, não poderia ser homenagem melhor à sua inesquecível pessoa”, frisou. Tanto André e como Andrea, em poucas palavras, agradeceram e elogiaram a homenagem e destacaram que a mãe, Ironi Laidi Bender Arend, que também foi a óbito em razão da Covid, seria outra que ficaria muito feliz. Além de flores, a dupla de irmãos levou como lembrança uma placa de rua também com o nome do pai.

Arend tinha 65 anos, era natural de Arroio do Meio. Bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), construiu sólida e extensa trajetória no meio empresarial privado e entidades empresariais. Era proprietário da indústria de fraldas Longevitá, fundada em 2001 em Estrela, e foi diretor comercial da Florestal Alimentos. Também presidiu a Câmara do Comércio, Indústria e Serviços de Estrela (Cacis), de 2014 a 2016; e foi vice-presidente da Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil) e regional da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul). A convite do prefeito Elmar Schneider, ocupava pela primeira vez um cargo no poder público.

segunda-feira, 21 de junho de 2021

O fotógrafo de Canoas-RS Pablo Vinícios dos Reis Santos visitou o Memorial de Estrela




Estrela-RS 21 de junho de 2021.

O fotógrafo de Canoas-RS Pablo Vinícios dos Reis Santos visitou o Memorial de Estrela e fez fotos incríveis no local...

Gratidão pela visita - Conseguir expressar seu ponto de vista, sua forma de ver o mundo, suas ideias e seus desejos através da fotografia é algo que inspira a vida de um fotógrafo.

Memorial de Estrela comemora um mês


Família de Adonis Valdir Fauth em visita ao Memorial de Estrela

Memorial de Estrela

Airton Engster dos Santos e Rafael Fontana no Memorial de Estrela

Rosângela Bergesch

Memorial de Estrela comemora um mês

Inaugurado em 20 maio, data do aniversário do município, espaço cultural histórico celebra sucesso das exposições permanentes e itinerantes

O Memorial de Estrela, inaugurado no último dia 20 de maio, data do aniversário do município e como forma de marcar os 145 anos de emancipação, tem atingido seus objetivos no primeiro mês de funcionamento. Neste período, recebeu a visitas de centenas de pessoas da comunidade, sendo que muitas inclusive colaboraram com doações de documentos para o acervo, e também turistas de diversos outros municípios do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e até mesmo de outros Estados.

O espaço tem despertado o interesse do público em especial pelas três exposições permanentes: ‘Estrela, Memória, Terra e Sua Gente’, ‘Estrela em Recortes’ e ‘Objetos e o Tempo’. O acesso a elas é gratuito. O empresário Rafael Fontana, ex-presidente da Associação dos Municípios de Turismo da Região dos Vales (Amturvales) e atual coordenador do programa Trem dos Vales, foi um dos visitantes. “Fiquei impressionado com o acervo histórico de Estrela. Parabenizo a Administração Municipal e a sábia decisão do prefeito Elmar Schneider em estruturar esse espaço com a história de Estrela, e por consequência, do nosso Vale, a partir de 1800”, registrou. “Local obrigatório para estudantes do Ensino Fundamental e Médio de toda a nossa região. Também para os moradores das nossas cidades que procuram saber do nosso passado e compreender o nosso presente”, afirmou. “Isso graças ao empenho de pessoas como o coordenador do Memorial, Airton Engster dos Santos, pela dedicação e altruísmo em cuidar e preservar de todo esse acervo ao longo de todos esses anos. É incalculável o valor desse trabalho que nos beneficia e certamente as futuras gerações.”

Doação

O Cine Guarany se estabeleceu em Estrela em 1934. Em 1950, Ivo Bergesch assumiu a direção do cinema, e dois anos depois inaugurou uma sala grande para projeção de filmes. Rosângela Bergesch, casada com Cristhofer Bergesch, nora do antigo proprietário do Cine Guarany, Ivo Bergesch, foi uma das pessoas que realizou doações para o Memorial de Estrela, películas cinematográficas, revistas sobre cinema e muitas fotografias de filmes, atores e atrizes que brilharam na telona em Estrela até 1980.

Mostra Itinerante

Para marcar o Dia do Cinema Brasileiro que é comemorado anualmente em 19 de junho e homenageia a sétima arte produzida no Brasil (em homenagem ao dia em que o ítalo-brasileiro Afonso Segreto – o primeiro cinegrafista e diretor do país – registrou as primeiras imagens em movimento no território brasileiro, em 1898), o Memorial de Estrela organizou uma mostra com diversos itens do antigo Cine Guarany de Estrela. O visitante encontra ainda no Memorial um painel do famoso ator de cinema estrelense, Alberto Ruschel, e projetores e filmadoras Super 8.

Como funciona o Memorial de Estrela

O Memorial de Estrela está aberto de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 11h30min e das 13h30min às 17h, focado a grupos de escolas, universidades, instituições, associações e pessoas da comunidade. Para evitar superlotação e garantir o melhor atendimento e conforto, seguindo protocolos de saúde para Covid-19, pode ser visitado também por agendamento prévio, com contato pelos telefones 99520-6323 e 3981-1089 (Secel).

Antigos Kerb no Vale do Taquari

 



Antigos Kerb no Vale do Taquari

Em 31 de julho de 2013, na Igreja Matriz de Santo Inácio de Lajeado foi lembrado o 132º aniversário da instalação da Paróquia, ocorrida em 1881. Por várias décadas, festejava-se o Kerb. Hoje, restou o Almoço de Kerb, em 4-8-2013.

Aliás, desde 1824 de largo uso no RS e parte de SC, dicionários ainda não registram o termo Kerb.

Onde encontrar documentados os mais antigos Kerb na região?

Em meu Laboratório de Pesquisa tenho encadernado alguns exemplares do primeiro jornal de Lajeado, O Alto Taquary. Na edição de 8-1-1905, p. 3, há menção do Kerb de São Caetano, em Arroio do Meio, promovido por Krambunho, apelido de Filipe Scherer Sobrinho. Há menção de Kerb em Arroio Alegre, em 30-1-1905, promovido por J. Hamester.

Em Encantado, quando segundo distrito de Lajeado, o empresário comercial João Ferri ampliou sua casa comercial para instalar um salão festas e bailes. Entre os eventos, destacava-se o Kerb no Encantado, como em 29-6-1905 – cf o mesmo jornal, de 25-6-1905. Nas edições seguintes, há outras festas de Kerb.

Até onde a memória alcança, em Lajeado sempre foram festejados os Kerb. Encontramos no jornal A Semana, de 17-7-1933, a notícia de que a Paróquia de S. Inácio de Loiola, desta vila, comemorará mais uma festa do seu padroeiro a 6 de agosto próximo vindouro, reinando para esta tradicional festa bastante animação. O C. S. Lajeadense que realizará os Kerbs nos dias 6, 7 e 8 está tomando providências para revesti-los da maior animação. A Sociedade Ginástica local, por motivos de força maior, irá levar a efeito os seus “Kerbs” em as noites de 30 e 31 do corrente.

No decorrer das décadas, diminuíram-se seus dias de festa, reduziram sua importância ou alteraram sua forma de comemorar. Em 2011, o Kerb de Santo Inácio foi preparado por um tríduo ou três noites de orações. O Kerb é um evento tradicional da paróquia, que une espiritualidade e o social – enfatizou o pároco, padre Antônio Puhl. Nas homilias das missas, foi homenageado o padroeiro Santo Inácio de Loyola. Foi rememorado seu fundador, Antônio Fialho de Vargas. Ao meio dia, foi servido o almoço comunitário no Ginásio Centenário, lotado de povo.

Kerb dos Evangélicos

Os festejos de Kerb entre o povo evangélico luterano, especialmente alemão, tem por origem a alegria pela inauguração de seu templo. Portanto, o Kerb é o dia do aniversário da inauguração do templo.

Antigamente eram festejados três dias, especialmente na colônia, quando se recebia a visita dos parentes e amigos de outras comunidades.

Os Kerb iniciavam com um culto solene. Após o culto, a orquestra aguardava os fiéis à frente da porta do templo. Ao bater do sino, estouravam-se foguetes e a orquestra iniciava a tocar, conduzindo pastor e fiéis ao salão, onde, para muitos, a festa tinha continuidade até ao amanhecer do dia seguinte.

Em casa, normalmente as visitas eram recebidas com churrasco, regado à cerveja, e gasosa para as mulheres e crianças. Após o almoço havia sobremesa. O sagu não podia faltar.

À tarde, as mulheres serviam tortas aos presentes. Lembro-me que, em tempo de criança, meus pais certa vez receberam, de improviso, a visita de amigos e parentes vindo de ônibus. Por sorte havia um açougue próximo e ainda aberto, onde papai buscou quilos de carne e carvão para assar. Todos saíram satisfeitos e alegres.

À noite, havia os famosos bailes de Kerb com a famosa gilda, vestida de mulher, pendurada no alto e no meio do salão. Quem arrancava a gilda durante a dança, era convidado a pagar uma rodada de cerveja para os amigos. Normalmente, o baile iniciava com a dança da polonaise. Todos eram convidados a participar e a expressar a sua alegria.

Hoje, muitas comunidades evangélicas não comemoram mais o dia da inauguração de seu templo. A palavra Kerb passa a ser esquecida, mesmo em nossa Comunidade Evangélica em Lajeado – depoimento do Prof. Herbert Lohmann, por e-mail de 10-8-2011.

Para registrar que o nosso interior ainda se reúne para festejar, de alguma forma, suas alegrias tradicionais, transcrevo o mais recente evento, de 28-9-2013: a Comunidade Evangélica de Arroio Abelha II, em Forquetinha, festejou seu Kerb.

Kerb na Alemanha de hoje e sua origem.

O texto acima do Lohmann foi enviado a um amigo meu, Ernesto Schlieper, pastor aposentado, agora residente na Alemanha, e que nos respondeu por e-mail de 15-8-2011;

A descrição de seu amigo Prof. Lohmann é exata e confere plenamente. Não só os evangélicos (luterano-reformados) celebravam o Kerb, como também os católicos. Aliás, o Kerb, também chamado de Kirchweihfest - festa da consagração da igreja - data da Idade Média!!! Para ambas as confissões era a celebração da consagração das igrejas, capelas, etc.

Na Baviera, atualmente, celebra-se no terceiro domingo de outubro o Dia da Igreja, em alemão Kirchtag. Este foi introduzido com intuito de aglomerar numa data as diversas festas de Kerb, se bem que se mantêm os Kerb no dia do padroeiro da igreja/capela ou na data de consagração do templo.

Também se encontra outra versão da origem do termo, na palavra "Kerbe" e seu verbo "kerben". Significa entalhe e entalhar. Ainda no século 18, em várias regiões na Alemanha, como na Renânia e no Palatinado, quando era inaugurada uma igreja ou capela, no portão de madeira da entrada principal, erguida em forma de arco, fazia-se um entalhe ou um corte, repetido a cada ano, no seu aniversário, festejado pela comunidade e sua vizinhança. Assim, sabiam-se quantos anos tinha a igreja, desde a sua inauguração. O hábito de festejar o aniversário de inauguração e ou seu santo padroeiro também foi trazido pelos imigrantes para o Brasil e cultivado nas linhas coloniais, identificado por Kerb.

Cada igreja e capela tinham o seu dia próprio de Kerb. Hoje, muitas localidades nem lembram mais a data.

Como eram festejados os Kerb?

Esta festa chegava durar uma semana. Depois, duraram de dois ou três dias. A mãe, os filhos, os netos e os parentes próximos chegavam à sexta – feira, no sábado ou no domingo para juntos participarem do encontro cerimonial, místico e espiritual. Tudo iniciava com um culto, uma missa, com a participação do coral ou grupo instrumental. Após o ato religioso, acompanhada de uma bandinha, a comunidade fazia o trajeto solene da Igreja até o clube, onde era a festa. À noite, era o baile de Kerb acompanhado pelos quitutes da cozinha regional.

De fato, mais que duas semanas antes, começava-se a sentir o espírito do Kerb. Havia um ar de satisfação e otimismo. Era a festa mais esperada do ano. Em sua preparação fazia-se uma faxina geral na casa, cortinas lavadas, assoalho escovado, jardim limpo, bem como o pátio, galpão, estrebaria e seus arredores, tudo cuidadosamente ajeitado. No meio da semana começavam os quitutes: sobremesa, cucas, bolachas, tortas, Sauerkraut, conservas de pepino, etc. Como não havia luz elétrica na maioria das casas, o refrigerador era totalmente inexistente. A bebida era colocada em um balde e dependurada no poço, cuja água era sempre fresca. A geladeira veio depois.

Os encontros familiares em dias de Kerb eram uma alegria esperada por todos. As crianças e primos se reencontravam. Aprendiam conhecer tios, padrinhos e parentes. Mostravam seus brinquedos. Os guris improvisavam uma bola de pano para jogar uma pelada ou se divertiam com “carreta de morro” nos declives de potreiros. À noite, a gurizada preferia dormir na grande sala. Era uma farra inesquecível.

Os jovens aguardavam, com ansiedade, o "Baile de Kerb", o ponto alto, para os quais preparavam os melhores trajes e vestidos. As costureiras começavam a ter mais trabalho. Para as moças, significava um vestido novo, quando não dois ou três, um para cada noite.

Os rapazes mandavam costurar calças novas. Sapato novo já era coisa mais rara. Usava-se o tamanco pela estrada, levando o sapato numa sacola até perto do local do evento, onde era calçado. Os que vinham a cavalo mostravam suas qualidades de cavaleiros, em arreios de couro e adornos prateados, ainda mais quando o belo sexo estivesse nas proximidades.

As mulheres mostravam as novidades da casa, habilidades manuais, álbuns de fotos, troca de experiências na educação dos filhos, escola, saúde e tudo quanto se relacionava a assuntos domésticos.

Os homens reviam os melhoramentos havidos na propriedade, trocavam experiências em assuntos de agricultura, criação de gado, novidades em compra e venda de produtos agrícolas. Às vezes, nasciam bons negócios.

Nos antigos Kerb, havia três noites de baile, ou no mesmo salão, ou em salões próximos e diferentes. Numa das noites, era o baile dos casais; uma segunda noite, o baile dos jovens; na terceira noite, o baile de toda a família. Junto ao salão bailante, havia uma sala onde as mães podiam deixar os bebês, que lá dormiam, sempre sob os cuidados de alguma conhecida. As “babás” se revezavam. Estes bailes de Kerb proporcionavam os jovens conhecer outros jovens, de lugares mais distantes, início de muitos namoros e casamentos.

Como em cada linha colonial e povoado as festas de Kerb eram em datas diferentes, as famílias e amigos retribuíam as visitas e acampavam nas casas. Por isso, as moradias eram grandes, com quartos para hóspedes. Por muitas décadas, a hospitalidade era uma das virtudes e características de boa família.

Em Novo Paraíso, Estrela, os bailes de Kerb se faziam no Salão de Pedro Petter, como nos dias 21, 22 e 23-10-1928 - cf O Paladino, de 20-10-1928. Em Canabarro, Teutônia, as três alegres noitadas de “Kerb” eram no último fim de semana de janeiro, nos dias 26, 27 e 28 - cf O Paladino, 18-1-1941, com bailes no Salão de Guilherme Schneider Sobrinho. Na semana anterior, era festejado em Bom Retiro.

Em cada comunidade, a preparação do Kerb era feita em mutirão, para deixar a capela, a escola, o salão, o cemitério, seus respectivos pátios e caminhos, tudo limpo e asseado. As folhagens, galhos de coqueiro ou palmito, com bandeirolas coloridas, davam ares de festa. A missa ou o culto se revestia de caráter solene, com música e canto coral, tudo bem ensaiado, com muita antecedência. Depois da cerimônia religiosa, ao som da banda e rojões, iniciava-se a festa profana, muitas vezes com quermesse. Este verbete quermesse, pelo Aurelião. tem origem do flamengo (França e Bélgica) Kerkmesse, de raiz germânica: Kirche + Messe, ou seja, igreja + missa.

Os salões estavam enfeitados. No centro da pista, ao alto, estava o "Kerwekranz", a "Coroa do Kerb", de onde pendiam garrafas de cerveja e gravatas. Quem conseguisse arrancar uma gravata ou cerveja, tinha o direito de chamar a bandinha ao seu redor e pedir a execução de uma peça musical. Em compensação, cabia-lhe pagar uma rodada de cerveja ao seu grupo. Antigamente, nos sábados, não havia baile, pois o padre ou o pastor não queria as pessoas sonolentas na igreja, na manhã seguinte. As três noites de baile estavam destinadas, especificamente, para os jovens, os casais e uma noite para todos. Afinal, a maioria aproveitava as três noites. O baile iniciava logo, ao escurecer, e terminava lá pelas duas ou três horas da madrugada. Anos depois, iniciava mais tarde e terminava ao amanhecer.

Ao meio dia, o "Kerweessen" (Almoço de Kerb) era o que havia de melhor na casa. Os mais abusados já usavam a expressão Fresskerb para indicar abundância ou comilança. Mais tarde, o churrasco e a maionese de batata foram ganhando preferência. Serviam-se o Streusselkuchen (cuca), com Wurst (linguiça), Schweinebraten (assado de porco), galinha ao forno, Mehldoss (doce de farinha de trigo), Stergdoss (doce de polvilho), Schucrute, batata cozida em água, bolinhos de carne moída formavam o cardápio.

Tudo era regado à cerveja caseira ou Spritzbier, vinho de pipa e Sangerie, uma espécie de refrigerante caseiro, de vinho com água, para as crianças e mulheres. Os mais abastados tomavam cerveja e gasosa industrializadas.

À meia tarde, era servido à mesa o tradicional café colonial. Ofereciam-se em abundância as cucas, pão de trigo com linguiça, nata, manteiga e "Schmier", termo próprio da região, para significar o doce de frutas, feito com melado de cana. Muitas vezes, tinha também tortas e bolos.

Kerb em Estrela

O Kerb estrelense era vivamente festejado, sempre no fim de semana mais próximo do dia 13 de junho, dia de Santo Antônio, padroeiro de Estrela. Luiz Bennemann, por exemplo, convidava o público em geral para os bailes e festas no seu Salão Oriental, nos dias 14, 15 e 16 de junho de 1925, com boa mesa e bebidas de todas as qualidades.

A imprensa naturalmente não registraria costumes, tradições e "promoções" particulares, em dias de Kerb, na intimidade dos lares. Noticiavam, algumas vezes, a euforia da população, como O Paladino, de 24-6-1939, registrou com a manchete Os "Kerb" de Estrela. Iniciou no dia 10: Sábado à tarde, notava-se que todos estavam contaminados pelo entusiasmo para as noitadas, ansiosamente esperadas. 

O domingo veio cheio de sol e de alegria. Cedo, já se ouvia a algazarra da comissão improvisada de propaganda que, em um caminhão, percorria as ruas da nossa "pacata Estrela", dizendo a "todo mundo", que era chegado o dia do início da festa do nosso Padroeiro. Mais adiante: Antes da missa solene, na igreja matriz, o excelente conjunto musical do Sr. Walter Zimmermann, reuniu-se na Praça Benjamin Constant, dando uma retreta. A "amostra" agradou sobremodo a todos que assistiram à tocata. Após a missa, a referida orquestra, há dias "batizada" de "Jazz Bando Estrela", foi cumprimentar, na casa paroquial, o padre Reinaldo Juchem, vigário, o qual ofereceu doces e finos líquidos aos componentes do "Bando", bem como aos porta-bandeiras das Sociedades Santa Cecília, local e de Picada Delfina, e às suas guardas de honra.

Na vila de Cruzeiro do Sul, o Kerb era comemorado na segunda semana depois da Páscoa. Quem lembra o Kerb de São Miguel, de Linha Sítio, é Vicente Kronbauer, no e-mail de 17-8-2011. Era festejado no primeiro fim de semana depois de 29 de setembro, dia de São Miguel. Iniciava com a missa solene. A festa comunitária era no salão grande, de madeira, com pista de dança no centro, ladeada com estrado mais alto e protegida por corrimão, onde ficavam as mesas, a copa, o quarto das gurias (para retocar pinturas e repentear). Num canto do salão, logo à esquerda da entrada, estava o palco dos músicos. No salão não faltavam as Gildas para serem arrancadas e cada Gilda arrancada precisava pagar uma determinada quantia de cervejas.

Em várias localidades, também havia a tradição de se comemorar o Nach-Kerb, que consistia numa noite de baile, após as festas de Kerb. Em Estrela, por exemplo, um mês depois dos Kerb de 14, 15 e 16-6-1930, em 12 de julho, realizou-se o Nach-Kerb na SOGES, promovido por um grupo de rapazes de nossa melhor sociedade - cf O Paladino, de 19-7-1930, animado pelo Batuque-Jazz, a orquestra de Dalton Lima, de Lajeado.

Nair Dupont, autora do livro PAVERAMA Ontem e Hoje, confirma a semelhança das festas de Kerb no Vale. No baile das “damas”, a moça tinha o direito de escolher o rapaz para dançar. Lembra que as bandas que animavam os Kerb e os bailes de Paverama eram o “Jazz Flor do Sul” e o “Jazz Flor de Maio” do local.

O Kerb de Paverama ocorre sempre no primeiro domingo do mês de fevereiro. Na terça-feira, o Grupo da Melhor da Idade promove o “Baile da Saudade”, convidando diversos grupos da região e do estado.

Algumas comunidades interioranas ainda comemoram Nach Kerb o que se poderia traduzir como pós-Kerb, no máximo um mês depois, com apenas um baile.

José Alfredo Schierholt,
Acadêmico da ALIVAT
Cadeira nº 5 – Patrono Lothar Francisco Hessel
Texto no livro IV da ALIVAT em 2013

Luis Fernando Eidelwein visitou o Memorial de Estrela

Estrela-RS - junho de 2021

O colecionador de filmes Luis Fernando Eidelwein visitou o Memorial de Estrela para conhecer a mostra itinerante "Cine Guarany - 1934-1980".

Tem gente que gosta de algum filme em especial. E tem gente que gosta de alguns gêneros de filmes. Pois Luis gosta muito mesmo de cinema, possui 4 mil filmes de raros a atuais em sua filmoteca.

domingo, 20 de junho de 2021

Estrela volta a tomar posse de área da antiga Polar




Estrela volta a tomar posse de área da antiga Polar

Governo Municipal oficializou a retomada do prédio que será voltado ao desenvolvimento cultural e econômico. Ato marcou também a entrega do prêmio Trajetórias Culturais

Em 13 de novembro de 2018, era oficializada a cedência de área de parte do imóvel do antigo prédio da Polar, então pertencente ao município de Estrela, para o foro da Comarca local. Diante da ausência de prosseguimento da iniciativa por parte do então beneficiado, e a declarada falta de interesse em seu objetivo inicial, a Administração Municipal demonstrou foco em sua retomada. Pois nesta sexta-feira, 18 de junho, em ato realizado na sede da Administração Municipal, o Governo de Estrela assinou a histórica revogação da Lei número 7.127, com a qual voltou a tomar posse do valorizado espaço, que entre outros objetivos terá a fomentação e o desenvolvimento da cultura local e econômico.

O ato foi realizado ao final da tarde, na presença do prefeito Elmar Schneider; do vice João Carlos Schäfer; o Presidente da Câmara Municipal de Estrela, Ernani de Castro; Hélio Musskopf, prefeito entre 1977 e 1982 o arquiteto Lucas Kirschner, representante do Grupo Rua da Praia, vereadores e secretários municipais, além de outras autoridades e convidados, que estavam já presentes também para a entrega do prêmio Trajetórias Culturais.

O prefeito Elmar Schneider sentenciou. “Estamos juntos nesta caminhada para tornar o espaço da Polar um local de rico potencial cultural, econômico, educacional, gastronômico, esportivo, enfim”, frisou. “Neste momento anormal que passa o mundo, quando todos pensavam que podiam fazer o que bem entendiam, Deus deu um recado a todos e nos colocou em um mesmo patamar. Calma, vamos olhar ao nosso lado, pois um precisa do outro. Então a marca do nosso governo diz o seguinte: nossa terra, nossos caminhos. É nossa terra, da gente, mas juntos queremos, precisamos e juntos vamos construir novos caminhos, pois cada um tem a acrescentar um pouco com suas experiência, ideias, forças. E neste sentido, com essa colaboração, posso afirmar que vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance, pois Estrela tem muito potencial”, salientou.

Trajetórias Culturais

Para a entrega do prêmio Trajetórias Culturais, estavam presentes também o arquiteto e representante do Grupo Rua da Praia, Lucas Kirchner; a historiadora e presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Vale do Taquari, Cristiane Schneider; Dolores Müssnich, representando o grupo Arte na Escadaria; e Sérgio Bruxel, representando a Associação Amor Centro de Estrela. A titular da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer, Carine Schwingel, fez a entrega da lembrança a todos os contemplados. “Estrela se diferencia do resto do Estado por causa da sua cultura, e ela se faz por vocês, hoje aqui homenageados e reconhecidos justamente por um prêmio estadual”, diz. “Lembro quando na primeira semana de governo, o prefeito Schneider nos chamou e deu a missão de termos nosso Memorial de Estrela, e nos deu também data para isso. Pois hoje já contamos com ele nos servindo. Um incentivo e exemplo para tudo o que ainda projetamos”, projetou.

Contemplados – Trajetórias Culturais

1 – Artesã Anita Simone Stamm Wolker, vencedora na categoria Artesanato
2 – Cantora e compositora Clari Marcon, conhecida como Clary Costa, na categoria Música
3 – Também na categoria Música, Conrado Schwambach
4 – Na categoria Artesanato, Daniela Hoffmann Mezzacasa
5 – Na categoria Música, Ermindio Nunes Soares
6 – Na categoria Memória e Patrimônio, Éverton Luís Gregory
7 – Na categoria Música, Leonardo Augusto Sulzbach
8 – Categoria Cultura Viva, Salete Carvalho
9 – Categoria Artes Visuais, Sérgio José Werle
10 – Categoria Culturas Populares, Silda Rodrigues Prates
11 – Categoria Dança, Taís Mello dos Santo