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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

A Crise do Leite - Rosemarí Driemeier Kreimeier - Professora do curso de Agronegócio da Faculdade La Salle Estrela



A CRISE DO LEITE ATINGE TODA POPULAÇÃO

Ao falar da crise do leite também falamos da crise na sociedade de forma generalizada: do comércio, serviços, desemprego, inadimplência, como uma “bola de neve” que já está enorme. Por que o leite é a atividade que proporciona renda mensal ao produtor. Isso beneficia todo o entorno rural e urbano, que é movimentado em função do rendimento certo de cada mês. Assim, o leite se torna uma atividade de suma importância no Vale do Taquari, principalmente porque o custo inicial para a atividade é menor, ou seja, o produtor pode iniciar pequeno e ir aumentando a produção, o que ajuda para não gerar o endividamento do produtor.

Em 1992 já se discutia o problema do preço do leite, por causa do Mercosul, da produção mais barata na Argentina e Uruguai. Se até agora não foram estabelecidos mecanismos que preservem a produção brasileira, este é o momento para isso.

As entidades que representam os agricultores e população em geral, principalmente do Rio Grande do Sul, principal porta de entrada do leite importado, devem se unir e pressionar o governo além de exigir o cumprimento rigoroso da legislação em vigor para produtos importados, como: qualidade, rastreabilidade, extrato seco entre outros, no mínimo igual aos exigidos do produto brasileiro, até mesmo para preservar o consumidor.

Outro modo de resolver seria uma forma de taxação ao produto importado, como um ágio que possa ser transformado em fundos de investimento para agricultores brasileiros com taxas de juros acessíveis. Como forma de barrar as importações. Temos que ser bairristas em relação ao leite brasileiro e defender com embasamento tanto a produção de qualidade como o preço justo, apresentando soluções que possam ser viabilizadas com planejamento.

Até o momento já houve uma seleção de produtores de leite, onde permaneceram na atividade os que obtêm alimento de forma mais barata, que tem sucessores, e melhor gestão de recursos da propriedade e financeiros. O produtor precisa ser proativo e as autoridades devem criar alternativas viáveis, pois se continuarmos fazendo da mesma maneira terá sempre os mesmos resultados.

Neste sentido, hoje há o favorecimento do grande produtor, se remunera inclusive pela quantidade produzida. O grande produtor merece ganhar o que ganha, mas na verdade quem mantém a região promissora é o pequeno e médio produtor de leite. Se um agricultor produz o leite equivalente a 10 pequenos produtores é uma família que se alimenta, se veste, estuda, compra e consome na região, mas se são 10 famílias que produzem a mesma quantidade, logo, serão 10 famílias que compram e consomem e teremos muito mais movimento e menos crise, o que é bom para todos. O produtor deve ter autoridade e liderança no que faz, assim como todas as profissões. Isto é a base para o restante da cadeia. 

Rosemarí Driemeier Kreimeier
Engenheira Agrônoma
Mestre em Fitotecnia
Professora do curso de Agronegócio da Faculdade La Salle Estrela

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