Leia Coluna do Airton Engster dos Santos no Jornal Nova Geração de Estrela

terça-feira, 8 de junho de 2021

Estrela revoga a doação do prédio da Polar para construção do novo foro da Comarca de Estrela.


A cervejaria precursora da Cervejaria Polar foi fundada em 10 de outubro de 1912, no município de Estrela, no Estado do Rio Grande do Sul, sob o nome de “Sociedade em Comandita Júlio Diehl & Cia".

A 20 de outubro de 1912 reuniram-se os fundadores da firma, para procederem à 1ª chamada de capital e em 22 de outubro foi feito o primeiro depósito no extinto Banco Pelotense.

A 24 de outubro, foram adquiridos de Ruschel e Irmãos, 3 terrenos no valor de então “Quatro Contos de Réis”, conforme escritura feita pelo então notário Adolfo M. Ribeiro, é possível que a Cervejaria Estrela fundada por Pedro Ruschel em 1872 tenha sido parte desta negociação.

A empresa Júlio Diehl & Cia foi oficialmente registrada no dia 16 de abril de 1914, situada na Rua Marechal Deodoro 16, Estrela – RS.

A cerveja Aurora foi uma das primeiras marcas da empresa.

Fazia parte dessa sociedade Luiz Ignácio Müssnich que desde 1908 era sócio da empresa Dexheimer, Müssnich & Cia que era um empório comercial, com importação de ferro, aço, máquinas; depósito de cereais, cimento, carbureto, telhas de zinco, arame, equipamentos agrários, camas de ferro, fogões, desnatadeiras, serras de engenho, moinhos, locomóveis e máquinas em geral, essa empresa foi agente do Banco da Província até 1913 quando a firma se desfez. O Banco da Província criou uma agência e Müssnich assumiu a gerência do Banco.

Mais tarde, Leonardo Kortz, Conselheiro municipal, capitalista e também fabricante de licores e vinagre, estabelecido na Rua Júlio de Castilhos: "Neste afamado estabelecimento que tem passado por grandes reformas de todos os seus serviços encontra-se bebidas as mais puras e mais bem preparadas, de toda a qualidade", se associou a Dexheimer e em 1919 adquiriram grande parte das ações e assumiram a fábrica de cerveja, constituindo uma nova razão social e passando a denominar-se Kortz, Dexheimer & Cia - Fábrica de Cerveja Estrellense, produzindo a cerveja Stern Brau.

Em 12 de julho de 1921, o jornal A Federação publicou o convite para uma assembleia dos acionistas para tratarem da liquidação da fábrica.

Tendo como sucessor, a partir de 1922, Luiz Ignácio Müssnich que havia se associado a Hans Wirz na construção da fábrica de Turbinas Hidráulicas H. Wirz & Cia., a quem foi vendendo sua parte e adquirindo mais ações da fábrica de cerveja.

No início de 1925 a Cervejaria lança uma cerveja stout com a marca Estrella.

Luís Inácio Müssnich, foi pioneiro em Estrela na perfuração de um poço artesiano, junto à fábrica de cerveja, executada em 21 de junho de 1925, numa profundidade de 207 metros. Não serviu apenas para a indústria da cerveja, fornecendo água para o Colégio Santo Antônio e a quem necessitava na época de estio.

Como sócio majoritário, a partir de 1927, assumiu a Cervejaria e alterou sua denominação para Fábrica de Cerveja Estrella, administrando-a até falecer em 11 de outubro de 1935.

Após seu falecimento, sua viúva Amália Ruschel Müssnich junto com as filhas passaram a administrar a cervejaria que passou a denominar-se Fábrica de Cerveja Estrela - Viúva Luiz I. Müssnich.

A fábrica de Cerveja Estrella produzia as cervejas: Estrela (Pilsen), Iris (Branca), Viva, Combate, Estrela tipo Bock, Creoulinha, Preta tipo München, Estrela Stout (pretas) e Zulu - a cerveja das senhoras (malzbier ?).

Alguns anos após a razão social foi modernizada sendo registrada como Cervejaria Estrêla - Viúva Luiz I. Müssnich (Müssnich).

Em 1945, a empresa foi comprada por um grupo de empresários de Santa Cruz do Sul, tendo como incentivador o Senhor Jean Hanquet Imigrante belga, radicado em Santa Cruz do Sul, que convidou para assumir a fábrica da Cervejaria Estrela S. A, o empresário, à beira da falência, Arnaldo José Diel, seu cunhado que veio residir em Estrela. Neste ano a cervejaria passa a denominar-se Polar S/A. – Indústria, comércio e agricultura.

Em 1957, foi lançada ainda a cerveja Polar Chopp em garrafa ou barril e produzia, ainda, Guaraná Frisante, Água Estrela, Soda Laranja, Gasosa Cristal e Água Tônica.

No ano do Jubileu de Ouro, 1962, a cervejaria de Estrela tinha como Gerente o Sr. Odilo A. Thomé, Assistente de Diretoria, o Sr. Flávio Jaeger e Inspetores de vendas os Srs. Armindo Scheibe, Oscar Chaves Garcia e José Valeriano Moraes sob a administração Comercial de Arnaldo J. Diel.

A Cervejaria tinha como técnicos Petar e Dragutin Hirtenkauf, naturais de Mitrovica, Iugoslávia que depois de passar por inúmeras dificuldades durante a Guerra Mundial, da Alemanha estabeleceram-se em São. Paulo. Em 1950, mudaram-se para Estrela, indo trabalhar na Polar.

Neste ano de seu cinqüentenário (1962) além dos rótulos ganharem um novo logotipo com um elegante número 50 e o dístico "cinquentenário - 1912 - 1962" a empresa exibia comercial da cerveja marca “Casco Escuro” com o slogan: “Polar criou, a nação inteira consagrou” ou “A cerveja mais cerveja do Brasil”. Os impostos recolhidos pela cervejaria foram de R $70.000,000,00 (setenta milhões de cruzeiros).

Em 31 de janeiro de 1969, a razão social de Polar S/A - Indústria, Comércio e Agricultura foi alterada para Cervejaria Polar S/A.

Em 1972 a Polar S/A, que empregava em torno de 800 cervejeiros, foi adquirida pelo Grupo Antarctica Paulista e a partir desta data recebeu grandes incentivos do município como doação de áreas de terras em 1973 e 1987.

Em 1995 triplica o lucro da Antarctica/Polar no Rio Grande do Sul chegando a R $46.853.000,00 (quarenta e seis milhões oitocentos e cinqüenta e três mil Reais). Neste ano os cervejeiros receberam participação nos lucros da empresa.

Em 1997 aprofunda o processo de reestruturação produtiva iniciado em 1992.

Em 02 de julho de 1999 eclode a notícia da Mega-Fusão das maiores cervejarias do Brasil, ou seja, Brahma e Antarctica, efetivada em 19 de abril de 2000 após aprovação do CADE.

A Companhia de Bebidas das Américas — detentora da marca da cerveja Polar — desmentiu, em 30 de maio de 2000, a venda da fábrica de Estrela, na época com 205 funcionários e a produção mensal média de 775 mil dúzias de garrafas.

Em 2001 a empresa fecha aos poucos em Estrela. Em 2002, ocorreu a demissão em massa de cervejeiros. Em maio de 2002, não tinha mais que 85 funcionários, apenas engarrafando a cerveja feita em Montenegro.

Em 20 de abril de 2006 a multinacional Ambev anunciou a desativação da fábrica de cervejas de Estrela.

Com aprovação unânime da Lei nº 4.548, de 18 de dezembro de 2007, o Legislativo autorizou o Executivo a efetuar a compra dos imóveis, pertencentes à Companhia de Bebidas das Américas (Ambev), que compunham o complexo onde funcionava a Cervejaria Polar pelo preço final de 1 milhão e 400 mil Reais em 36 parcelas.

A aquisição foi executada pela Prefeitura de Estrela em conjunto com o Grupo Conpasul. Conforme mensagem justificativa, na parte pertencente à Prefeitura de Estrela, a compra se dá com o intuito de permitir a abertura de vias públicas ali existentes, fechadas pela companhia com autorização da prefeitura por volta de 1973, utilizar a Estação de Tratamento com a finalidade de poder tratar o esgoto do Centro, Bairro Cristo Rei, Bairro Alto da Bronze e arredores; permitir o acesso à parte turística do Rio Taquari; proporcionar o uso das dependências da antiga indústria, além de centralizar os atendimentos criando um Centro Administrativo da Prefeitura. Na parte adquirida pelo Grupo Conpasul deve ser abrigada a empresa coligada Rhodoss.

Em novembro de 2008 as ruas Arnaldo J. Diel e Coronel Flores, que faziam parte da antiga fábrica de cerveja Polar foram devolvidas para comunidade de Estrela após ficarem fechadas por 34 anos.

A Escadaria do Rio Taquari foi inaugurada em 1924. O espaço público que foi destinado para Cervejaria Polar em 1974, foi reinaugurado em 21 de Março de 2015. No topo da escadaria destacam-se as estátuas que simbolizam a pujança do Comércio e da Indústria do Município. A partir de então a população e os visitantes já podem desfrutar novamente da bela paisagem.

Em maio de 2012 a Justiça do Trabalho do Rio Grande do Sul promoveu solenidade de lançamento da pedra fundamental do Foro Trabalhista de Estrela. A construção foi erguida em área da antiga Cervejaria Polar, de cerca de 1.500m², doada pela Prefeitura e situada na esquina das ruas Pinheiro Machado e Coronel Flores.

Complexo da extinta Cervejaria Polar, em Estrela - Em 2018 a Câmara de Vereadores do município autorizou a doação de imóvel com área de 2.178,00 metros quadrados ao governo do Rio Grande do Sul, local em que deverá ser estabelecido o foro da Comarca de Estrela. A situação foi parar na Justiça Federal.

Em 2019 o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) proibiu em caráter liminar qualquer ato de modificação, construção ou demolição na área que abriga as edificações da antiga Cervejaria Polar, localizada no centro da cidade de Estrela. A decisão foi proferida pelo juiz federal Sérgio Renato Tejada Garcia.

Estrela revoga a doação do prédio da Polar para construção do novo foro da Comarca de Estrela. A Câmara de Vereadores de Estrela autorizou a revogação que será assinada pelo prefeito Elmar Schneider no dia 10 de junho de 2021.

Pesquisa: Airton Engster dos Santos

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