Leia Coluna do Airton Engster dos Santos no Jornal Nova Geração de Estrela

sábado, 2 de novembro de 2024

O município de Estrela que ainda brilha


“A Estrela que ainda brilha”

Hoje, cruzando as ruas da nossa Estrela, percebo o que antes era invisível aos olhos, mas gritante ao coração. É uma cidade que parece ter perdido um pouco do seu brilho, como uma Estrela ofuscada pelas nuvens que insistem em pairar. Depois das águas que levaram as casas, escolas, e postos de saúde, mas também a paz, sinto que há algo que ainda não conseguimos reencontrar: a nossa alegria de viver.

Estrela sempre foi sinônimo de união e força. Nossa gente é batalhadora, um povo que se levanta cedo, que trabalha sem parar, que constrói com as próprias mãos o próprio destino. Mas agora, muitos perderam o chão. Há um peso nos ombros de cada família que precisa recomeçar. Casas provisórias, aluguel social, lembranças e sonhos deixados nas ruínas. Como curar feridas tão profundas?

Olho para os nossos vizinhos, que também enfrentaram essa dor, e vejo que aos poucos vão ressurgindo. Porém, sinto uma sombra de tristeza que parece mais resistente, mais teimosa. Até as celebrações religiosas, onde antes nos agarrávamos como a última tábua de salvação, estão mais vazias. Os bancos da igreja, que já foram preenchidos por vozes cantando com fé, hoje abrigam um silêncio triste.

Essa ausência de alegria me preocupa. É como se a chama da nossa esperança estivesse oscilando. É visível na fala ríspida, no sorriso contido, na paciência desgastada. Estamos em meio a uma crise que, temo, seja mais profunda do que podemos ver. Uma crise de alma, de coração, que talvez não se resolva só com tijolos, mas com um resgate do que nos une como comunidade.

O que fazer, então, para trazer de volta a Estrela que ainda brilha? Talvez, seja hora de estendermos as mãos uns aos outros, não apenas em ajuda material, mas em gestos de empatia e compreensão. Precisamos nos relembrar do que sempre nos sustentou: a nossa fé no próximo, na nossa cidade e em Deus.

Ainda somos uma cidade forte, mas precisamos reconhecer que, assim como o rio que nos banha, essa força vem da união das nossas águas. É hora de nos acolhermos, de nos ouvirmos, de nos lembrarmos que nenhum de nós está sozinho. Estrela brilha mais forte quando cada um de nós contribui com a sua luz.

Que possamos olhar uns para os outros e enxergar a esperança que podemos plantar. Porque, apesar de tudo, a nossa Estrela ainda está lá no alto, esperando que voltemos a olhar para ela com o brilho de sempre. E quem sabe, ao fazer isso, possamos, juntos, recuperar a alegria que é o nosso verdadeiro lar.

Airton Engster dos Santos - Escritor

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