O Paladino: Um Legado de Papel e Alma
Nas páginas da história estrelense, "O Paladino" ocupa lugar de honra, não apenas como um jornal, mas como um farol que iluminou caminhos, debates e sonhos de uma comunidade. Fundado em 1921 pelo visionário Antônio Cardoso, nasceu com a missão de ser a voz da coletividade, defendendo o comércio, a lavoura e a indústria — pilares que sustentam o coração de Estrela até hoje.
Os tempos eram outros, de impressão manual e clichês que levavam dias para chegar de Porto Alegre. Aloysio Valentim Schwertner, com sua tipografia, deu alma e continuidade a esse projeto. Suas mãos, que operavam máquinas manuais, também moldavam sonhos. Em uma época em que jornais eram o elo entre as famílias que deixavam Estrela e a terra natal, "O Paladino" tornou-se ponte de memórias, ecoando histórias desde os rincões gaúchos até o Rio de Janeiro.
Mas veio 1941, e com ele, a dura realidade da guerra, um turbilhão que silenciou as rotativas. O fechamento deixou Aloysio desolado, mas não apagou o impacto das 5 mil cópias que rodavam semanalmente. Pelo contrário, perpetuou um legado que encontrou nova forma na Livraria e Papelaria "O Paladino".
Sob a administração de Roque Schwertner, a tipografia transformou-se em ponto de encontro e serviço, adaptando-se às necessidades da comunidade. Convites, anúncios e registros de vida passavam por suas prensas. E foi assim até agosto de 2022, quando Roque nos deixou.
Agora, em dezembro de 2024, a despedida é inevitável. A Livraria e Papelaria "O Paladino", sob o cuidado de Mariza Schwertner e família, encerra suas atividades. O legado, porém, persiste. Os exemplares encadernados de 1921 a 1941, preservados com carinho, encontram novo lar temporário na Univates, para que outros possam revisitar a alma do jornal que um dia foi nossa voz.
No prédio antigo, onde o espírito do "O Paladino" ainda parece habitar, hoje ressoam as ideias do jornal Nova Geração e da Rádio A Hora. É uma nova era, mas as paredes sabem contar histórias.
Ao longo dos anos, a família de Roque e Mariza se tornou um pilar fundamental na construção da identidade e memória de Estrela. Com dedicação incansável, eles venderam livros e papéis, mas também compartilharam histórias e valores que atravessaram gerações. O trabalho de preservação e valorização da nossa história, impresso na generosidade de suas ações, permanece como uma marca indelével no coração da cidade. A gratidão é eterna por tudo o que fizeram pelo legado de nossa Estrela.
E assim nos despedimos de "O Paladino", não como algo que se encerra, mas como um capítulo que inspira. Porque legados, como este, não têm ponto final. Eles vivem em quem os reconhece, os valoriza e os mantém vivos — em memória e coração.
Assina: Airton Engster dos Santos - Colunista do Jornal Nova Geração
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