Leia Coluna do Airton Engster dos Santos no Jornal Nova Geração de Estrela
terça-feira, 17 de dezembro de 2024
Homenagem para o Corpo de Bombeiros de Estrela - 60 Anos - 1964-2024
O Memorial Werner Schinke de Estrela tornou-se palco de gratidão e reconhecimento ao Corpo de Bombeiros Militar de Estrela. Em uma cerimônia carregada de emoção e história, bombeiros da ativa e da reserva foram agraciados com o troféu de honra ao mérito, simbolizando décadas de coragem, dedicação e serviços prestados à comunidade. O Rotary e o Lions Club, parceiros fundamentais na instalação da corporação em 1964, também receberam homenagem, reforçando o valor da união e do trabalho coletivo para a segurança e bem-estar do município. No nobre salão do espaço de cultura e memória, histórias de bravura foram relembradas, como resgates dramáticos e incêndios controlados com destemor, inspirando todos os presentes.
Ao término da solenidade, as portas do Memorial se abriram para um momento solene e simbólico: as sirenes das viaturas foram acionadas em frente ao prédio, ecoando como um grito de respeito e reconhecimento pelas ruas de Estrela. O som, que tantas vezes anuncia situações de risco, desta vez ressoou como uma celebração à vida salva e ao compromisso inabalável dos bombeiros. O ato simples, porém comovente, selou um encontro que celebrou a história e eternizou a gratidão de uma cidade inteira àqueles que, todos os dias, enfrentam o perigo em nome do próximo.
Assina Airton Engster dos Santos - escritor - Fotos Vinícius Knecht - poeta e fotógrafo.
segunda-feira, 16 de dezembro de 2024
Reinholdo Konrad e as casas enxaimel em Estrela
Na pacata Linha Harmonia, onde o vento parecia soprar histórias de um passado distante, Reinholdo Konrad, antigo professor da comunidade, gostava de contar sobre as casas enxaimel que pontilhavam a paisagem de Estrela. Sentado em sua varanda, ao lado de Luiza, sua amada esposa, ele narrava como os primeiros imigrantes alemães, cheios de esperança e coragem, haviam erguido aquelas casas com suas próprias mãos. "Cada viga de madeira, cada tijolo encaixado entre elas, carrega não só a técnica dos nossos antepassados, mas também a força de quem buscava construir um lar em terras tão distantes", dizia ele, com os olhos brilhando de orgulho.
Reinholdo via nas casas enxaimel mais do que simples moradias. Para ele, eram livros abertos, narrando em silêncio as dificuldades e conquistas dos pioneiros. Ele descrevia as longas tardes em que as famílias se reuniam para cantar em alemão, moldar o barro e reforçar as estruturas de madeira, enquanto as crianças brincavam ao redor. Luiza sempre acrescentava algum detalhe sobre a vida naqueles tempos – os banquetes de domingo, os cheiros que vinham da cozinha de fogão a lenha, e as janelas decoradas com cortinas de renda feitas à mão, que davam às casas um toque de delicadeza em meio à rusticidade.
Aos netos, incluindo Selmita, Sinésio, Marlene, Silácia, Wilmuth e os gêmeos Erico e Érica, Reinholdo contava que preservar aquelas construções era um ato de amor por uma história que não deveria ser esquecida. Ele temia que as enxaimel fossem engolidas pelo progresso e alertava: "Sem elas, quem contará às próximas gerações sobre a coragem dos nossos ancestrais? São as vigas e os tijolos que mantêm viva a memória do que fomos". E assim, cada palavra do professor se transformava em um legado, mantendo as casas enxaimel de pé e vivas no coração de quem o ouvia.
Airton Engster dos Santos
domingo, 15 de dezembro de 2024
sexta-feira, 13 de dezembro de 2024
Norberto dos Santos: O Pescador das Águas do Rio Taquari
Norberto dos Santos: O Pescador das Águas do Rio Taquari
Norberto dos Santos era mais do que um homem dedicado à família e à fé. Ele também foi pescador em Estrela até 19
67, uma atividade que conectava sua vida ao curso sereno e abundante do Rio Taquari. Com suas águas límpidas e esverdeadas, o rio era uma fonte generosa de sustento e histórias, embalando os dias e as noites de Norberto e de seus companheiros de pesca.
No quintal de sua casa, Norberto transformava tábuas em caícos, pequenas embarcações artesanais essenciais para sua atividade. Ali, entre ferramentas, madeira e as memórias da infância, ele dava forma a esses barcos que se tornavam extensões de sua alma de pescador.
Esses caícos, feitos com esmero e habilidade, eram compartilhados com seus amigos Otávio, Emílio, Herbert e Silvério. Juntos, eles deslizavam pelas águas do Rio Taquari, celebrando o ofício da pesca e a conexão com a natureza.
Naquele tempo, as águas do rio não conheciam a poluição, e a vida aquática florescia em sua plenitude. O Rio Taquari era um verdadeiro paraíso para os pescadores, que podiam lançar suas redes e anzóis em busca de espécies como dourado, pintado, traíra e lambari. Cada pescaria era uma aventura, um encontro com o silêncio do rio, quebrado apenas pelo som das aves e pelo brilho do sol sobre as águas cristalinas.
A pesca era um ato de comunhão entre amigos e um ritual de pertencimento àquele lugar. No final do dia, o retorno à margem trazia, além do fruto do trabalho, histórias para serem compartilhadas.
Norberto e seus amigos pescadores viviam em harmonia com o Rio Taquari, respeitando seus ciclos e suas dádivas. A pesca era feita de forma sustentável, e o rio era visto como um parceiro, um presente que deveria ser cuidado e preservado.
Hoje, as águas do Rio Taquari já não são tão cristalinas como outrora, mas a memória de Norberto e de seus caícos permanece viva.
Norberto dos Santos foi um guardião do Rio Taquari, um artesão de caícos e um exemplo de respeito e amor pela natureza.
Airton Engster dos Santos - Escritor
60 anos de história do Corpo de Bombeiros Militar de Estrela
60 anos de dedicação à segurança de Estrela: A história do Corpo de Bombeiros
A história do Corpo de Bombeiros em Estrela é um exemplo marcante de colaboração entre o poder público, a sociedade civil e entidades de serviço em prol da segurança e bem-estar da comunidade. Desde sua concepção, a corporação desempenhou um papel fundamental na proteção de vidas e patrimônios, consolidando-se como uma instituição respeitada e admirada.
Tudo começou na primeira gestão do prefeito Bertholdo Gausmann, com a aquisição de uma área estratégica no bairro dos Estados, destinada à implantação de uma base para o destacamento de bombeiros.
Na segunda gestão do prefeito Adão Henrique Fett, a mobilização para a construção da sede ganhou impulso. Com o apoio do Lions Clube e do Rotary Clube, aliados imprescindíveis, a prefeitura conseguiu concretizar a obra. Em 15 de dezembro de 1964, foi inaugurada a primeira unidade do Corpo de Bombeiros de Estrela, localizada na Rua Pernambuco, bairro dos Estados.
A cerimônia de inauguração contou com momentos solenes, como o corte da fita simbólica pelo Coronel Salvador Teixeira Sofia e pelo prefeito Adão Henrique Fett. Discursos emocionados foram proferidos pelo presidente da Câmara de Vereadores, José de Freitas Belo, pelo Major Antônio Rodrigues Ritta e pelo Dr. Lauro Reinaldo Müller, um grande incentivador da criação da estação em Estrela. Sob o comando inicial do 2º Sargento Reuvaldo Telles Ferreira, os alicerces para a formação da unidade foram lançados.
O primeiro equipamento da corporação foi um auto bomba tanque Chevrolet 1964, que entrou em operação em 1965. Com o passar dos anos, o destacamento passou por sucessivas melhorias, com a ampliação das instalações e a aquisição de novos caminhões e equipamentos, que fortaleceram a capacidade de atuação em situações de incêndio e resgate.
Esse progresso contínuo culminou em 2017, quando a corporação se tornou independente da Brigada Militar, assumindo o nome de Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul. Desde então, a unidade de Estrela se destacou como uma das mais bem equipadas e preparadas do estado, reconhecida por sua eficiência no atendimento a emergências.
Em 2024, a unidade de Estrela celebra 60 anos de atividades. Este marco histórico ressalta o compromisso ininterrupto dos bombeiros em proteger vidas e oferecer segurança à comunidade estrelense. O atual comandante é O 1º tenente Marcos Silveira Correa.
O Memorial de Estrela, em nome de toda a população, expressa sinceras congratulações e agradecimentos pelos serviços prestados ao longo dessas seis décadas. A história do Corpo de Bombeiros de Estrela é um testemunho de dedicação, coragem e amor ao próximo, inspirando gerações e garantindo um futuro mais seguro para todos.
Que os próximos anos sejam de ainda mais avanços, fortalecimento e conquistas para essa valorosa corporação!
Airton Engster dos Santos - Colunista do Jornal Nova Geração
quarta-feira, 11 de dezembro de 2024
Estrela É Mais Natal em 2004: Uma Cidade Brilhando com Sonhos
Estrela É Mais Natal em 2004: Uma Cidade Brilhando com Sonhos
O ano era 2004. As ruas de Estrela estavam iluminadas por um encanto único, onde cada canto parecia pulsar a magia do Natal. A campanha “Estrela é Mais Natal”, lançada pela Câmara de Dirigentes Lojistas em parceria com o Governo Municipal, transformou o comércio local em um verdadeiro centro de sonhos.
O apelo era irresistível: as compras realizadas nas lojas participantes davam direito a cupons, e os consumidores podiam aspirar a prêmios que fariam qualquer um se sentir no próprio trenó do Papai Noel. A cada pacote embalado e cupom preenchido, nascia uma nova esperança, e o comércio se aquecia, recebendo consumidores vindos de toda a região.
A cidade, em suas noites de dezembro, viu-se tomada por um movimento contagiante. Famílias passeavam de mãos dadas pelas ruas decoradas com luzes coloridas, crianças apontavam vitrines encantadas, e os lojistas, com sorrisos largos, celebravam o fluxo constante de clientes. Estrela era um ponto de encontro, um espaço para criar memórias.
Quando o sorteio finalmente chegou, o clima era de pura euforia. No coração da cidade, sob um céu estrelado e em meio a uma multidão animada, os ganhadores foram anunciados.
Sabrina de Quadros, com os olhos brilhando de surpresa, levou para casa um televisor de 29 polegadas. “É meu presente de Natal dos sonhos”, dizia, emocionada.
Renato Henz, ao ser chamado, mal conseguiu conter a alegria ao saber que a moto era sua. “É a minha liberdade sobre rodas!”, exclamou, já imaginando as viagens que faria.
E então veio o grande momento: Betina. Quando seu nome foi anunciado, ela precisou de alguns segundos para entender que aquele veículo zero quilômetro era dela. Abraçando o cupom sorteado como se fosse o maior tesouro, seus olhos se encheram de lágrimas. Era mais do que um prêmio; era a realização de um sonho.
Estrela brilhou naquele ano de uma forma especial. Mais do que prêmios, a campanha trouxe união, sorrisos e momentos inesquecíveis. A cidade mostrou que, com criatividade e cooperação, pode-se iluminar o coração das pessoas e fortalecer uma comunidade.
“Estrela é Mais Natal” foi um lembrete de que, quando há esperança e união, os presentes mais valiosos vêm em forma de memórias compartilhadas. E ali, no aconchego daquela pequena grande cidade, o espírito natalino encontrou seu lar.
Airton Engster dos Santos - Escritor
segunda-feira, 9 de dezembro de 2024
domingo, 8 de dezembro de 2024
O Amor em Forma de Vida: Dona Ira Bücker Schwambach
O Amor em Forma de Vida: Dona Ira Bücker Schwambach
Há lugares que parecem conter em si uma beleza deslumbrande, mas também histórias vivas que se espalham pelo ar, tocando o coração de quem os visita. Assim é a propriedade de Dona Ira Bücker Schwambach, um refúgio que carrega a essência de sua anfitriã, tão grandiosa quanto o cenário que a cerca.
Ao atravessar o portão ornamentado, nos deparamos com um paraíso de simplicidade e esplendor. Duas casas, cuidadosamente decoradas com relíquias da imigração alemã, nos transportam no tempo. Cada objeto, cada pintura externa que evoca as tradições germânicas, conta um pedaço de história, como se as paredes tivessem voz e memória.
Os jardins, em perfeita harmonia, parecem tocados pela mão de Deus. Árvores frondosas abraçam gramados impecáveis, enquanto flores de todas as cores desenham caminhos que nos levam a contemplar a delicadeza do cuidado humano. A propriedade é um reflexo da alma de Dona Ira, uma mulher que vive com e para o amor.
Aos 94 anos, Dona Ira é um pilar da fé e da generosidade. Seus familiares a cercam com abraços e beijos, atentos aos conselhos sábios que brotam de uma vida inteira de dedicação à família, à comunidade e a Deus. Há algo mágico em sua presença, uma energia que acolhe, inspira e renova.
Muito além de suas conquistas, Dona Ira é conhecida por sua humildade. Foi uma das fundadoras do Festival do Chucrute e dos Grupos Folclóricos, símbolos da cultura local que atravessaram gerações. Com o brilho nos olhos, ela recorda: "Ninguém faz nada sozinho. Muitos têm mérito nesse caminho." Essa frase reflete sua essência: um coração que reconhece o valor da coletividade.
Sua fé, sólida como as raízes de uma árvore centenária, a levou a realizar estudos bíblicos em comunidades, sempre com um sorriso e a palavra certa. Ao lado da família, Dona Ira também deixou sua marca no comércio, na indústria e na gastronomia de Estrela.
Naquele dia, enquanto estávamos sob o teto de sua história e entrelaçados por seu exemplo, percebemos que Dona Ira é uma lição de vida. Com sua fé inabalável e amor infinito, ela nos ensinou que viver é compartilhar, cultivar e crer.
Ao nos despedirmos, levamos mais do que recordações de um lugar mágico. Levamos inspiração. A inspiração de uma mulher que, em cada gesto, mostra que o verdadeiro paraíso não é um lugar, mas um estado de espírito.
É exatamente isso que Dona Ira transmite: uma beleza que vai além do que os olhos podem ver. Está nas suas ações, no legado que construiu, no carinho com que cultiva suas raízes e no amor que irradia para todos ao seu redor. Pessoas como ela nos lembram que a verdadeira beleza está na alma e na forma como tocamos a vida dos outros.
Obrigado, Dona Ira, por nos lembrar que o amor é a força que transforma tudo ao nosso redor. Sua história é uma bênção para todos nós.
Assina: Airton Engster dos Santos - Colunista do Jornal Nova Geração - Fotos: Vinícius Knecht - poeta e fotógrafo
O Paladino: Um Legado de Papel e Alma - Homenagem para Mariza e Roque Schwertner
O Paladino: Um Legado de Papel e Alma
Nas páginas da história estrelense, "O Paladino" ocupa lugar de honra, não apenas como um jornal, mas como um farol que iluminou caminhos, debates e sonhos de uma comunidade. Fundado em 1921 pelo visionário Antônio Cardoso, nasceu com a missão de ser a voz da coletividade, defendendo o comércio, a lavoura e a indústria — pilares que sustentam o coração de Estrela até hoje.
Os tempos eram outros, de impressão manual e clichês que levavam dias para chegar de Porto Alegre. Aloysio Valentim Schwertner, com sua tipografia, deu alma e continuidade a esse projeto. Suas mãos, que operavam máquinas manuais, também moldavam sonhos. Em uma época em que jornais eram o elo entre as famílias que deixavam Estrela e a terra natal, "O Paladino" tornou-se ponte de memórias, ecoando histórias desde os rincões gaúchos até o Rio de Janeiro.
Mas veio 1941, e com ele, a dura realidade da guerra, um turbilhão que silenciou as rotativas. O fechamento deixou Aloysio desolado, mas não apagou o impacto das 5 mil cópias que rodavam semanalmente. Pelo contrário, perpetuou um legado que encontrou nova forma na Livraria e Papelaria "O Paladino".
Sob a administração de Roque Schwertner, a tipografia transformou-se em ponto de encontro e serviço, adaptando-se às necessidades da comunidade. Convites, anúncios e registros de vida passavam por suas prensas. E foi assim até agosto de 2022, quando Roque nos deixou.
Agora, em dezembro de 2024, a despedida é inevitável. A Livraria e Papelaria "O Paladino", sob o cuidado de Mariza Schwertner e família, encerra suas atividades. O legado, porém, persiste. Os exemplares encadernados de 1921 a 1941, preservados com carinho, encontram novo lar temporário na Univates, para que outros possam revisitar a alma do jornal que um dia foi nossa voz.
No prédio antigo, onde o espírito do "O Paladino" ainda parece habitar, hoje ressoam as ideias do jornal Nova Geração e da Rádio A Hora. É uma nova era, mas as paredes sabem contar histórias.
Ao longo dos anos, a família de Roque e Mariza se tornou um pilar fundamental na construção da identidade e memória de Estrela. Com dedicação incansável, eles venderam livros e papéis, mas também compartilharam histórias e valores que atravessaram gerações. O trabalho de preservação e valorização da nossa história, impresso na generosidade de suas ações, permanece como uma marca indelével no coração da cidade. A gratidão é eterna por tudo o que fizeram pelo legado de nossa Estrela.
E assim nos despedimos de "O Paladino", não como algo que se encerra, mas como um capítulo que inspira. Porque legados, como este, não têm ponto final. Eles vivem em quem os reconhece, os valoriza e os mantém vivos — em memória e coração.
Assina: Airton Engster dos Santos - Colunista do Jornal Nova Geração
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