Leia Coluna do Airton Engster dos Santos no Jornal Nova Geração de Estrela

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Eva Fett Ruschel, filha única do ex-prefeito Adão Henrique Fett






ESTRELA – Eva Fett Ruschel, filha única do ex-prefeito Adão Henrique Fett, ainda reside no Centro de Estrela, onde mora desde os 11 anos. Ela relembra as principais atuações do pai, que foi prefeito de Estrela e muito conhecido pela atuação na aviação, já que Fett foi fundador do Aeroclube do Alto Taquari, localizado no município. 

“Eu estudava no Madre Bárbara, em Lajeado, mas não tinha condições de ir e voltar, naquela época nem estrada pavimentada tinha, então o pai me levava e buscava no colégio de avião toda semana. Ele me largava, eu atravessava o rio de canoa e ia para o colégio”, recorda. 

Aos 11 anos, Eva, que morava com os pais em Cruzeiro do Sul, veio para Estrela. A família comprou uma casa em frente à antiga importadora (na Rua Fernando Abott), na época, uma fábrica de café que foi reformada para que a família pudesse ali residir. “Eu gosto de tudo aqui do Centro. Estrela é um pedaço de mim, eu me criei aqui”, destaca. 

Vida política
Com 18 anos, Eva terminou o ginásio em Porto Alegre e voltou ao município para casar com o vizinho da esquina na época, proprietário da Farmácia Buchmann, Ernani Buchmann. “Muito cedo fiquei viúva, tinha dois filhos pequenos, o José Henrique e a Marlise. Mais tarde casei com o Rubem e tive a Marília e a Raquel, sendo que as duas são funcionárias da prefeitura. O pai continuou na vida política. Ele foi prefeito de Estrela duas vezes e quando foi candidato a deputado estadual ficou como suplente, mas assumiu durante um período e, naquela época, eu trabalhei com ele na Assembleia Legislativa, como secretária”, conta.

Um pioneiro em diversas frentes
Eva lembra do pai como um pioneiro em Estrela. Recorda de quando ele atuou na construção do prédio da prefeitur, quando trouxe a rádio para a cidade e quando iniciou a primeira incubadora de pintos. “Meu pai foi pioneiro na avicultura, ele era político e eu cuidava da produção. Tínhamos 14 ou 15 máquinas incubadoras, se chamava Granja Cometa, que começou lá em São Miguel, quando o pai começou a criar galinha. Aqui em Estrela começamos a fazer pintinhos. 

“Ele era um gênio”
Fett também foi radioamador que, em épocas de cheias do Rio Taquari, passava as informações do Vale para Defesa Civil do Estado. A paixão por rádio o levou a criar, em 1948, a Rádio Alto Taquari de Estrela, em conjunto com Arnaldo Balvé. “Depois, ele mandou fazer dois mil rádios a bateria para distribuir, porque não tinha luz no interior e todo mundo queria ouvir. Depois não tinha como carregar a bateria e ele trouxe o primeiro cata-vento para Estrela. Ele era um gênio”, destaca o esposo de Eva, Rubem Ruschel.

Eva também herdou a característica do pai. Foi a primeira a trazer para Estrela um restaurante à la carte, que funcionava na casa onde a família reside, na Rua Venâncio Aires. Também foi proprietária de uma agência de viagens até se aposentar. 

Revolução de 1964 e a fuga do governador
Ruschel foi secretário durante o governo do sogro e recorda do episódio quando Fett auxiliou na fuga de Ildo Meneghetti, pois o então governador era contrário ao presidente João Goulart e uma de suas primeiras providências, ao estourar a Revolução de 1964, foi deixar Porto Alegre e transferir a sede do governo para o interior do Estado. “Eu auxiliava em tudo. Me chamavam para tudo, até para transportar pacientes ao hospital. O governador estava indo para Passo Fundo e o carro estragou na Glória, daí mandou chamar o Adão e nós fomos socorrê-lo. Buscamos o Fusca e eu fiquei com ele escondido, tampado por sacos de farelo de trigo e o Adão levou ele no carro da prefeitura. E outra, o agente de segurança do governador, que era o capitão Diógenes, saiu tão apressado para a fuga que esqueceu a arma em Porto Alegre e eu emprestei meu revólver 38 que tenho até hoje”, recorda. 

Acidente das freiras
Ruschel lembra ainda que após o “salvamento”, chegou a encontrar um mapa que demarcava, na Praça de Estrela, onde ele, o Adão e mais pessoas, seriam enforcadas. “Nós também participamos de um episódio muito triste, que foi o acidente das freiras. O pai era prefeito e fui lá ajudar a transportá-las para o hospital. Eu ajudei a lavar e a vesti-las, foi muito triste, quatro faleceram”, lembra Eva. O acidente relembrado por Eva completa 52 anos no dia 6 de novembro e ocorreu na Ponte do Stangler.

Matéria: Jornal Nova Geração de Estrela
Texto: Ana Caroline Kautzmann
Fotos: Airton Engster dos Santos

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