Leia Coluna do Airton Engster dos Santos no Jornal Nova Geração de Estrela

domingo, 26 de julho de 2020

Fotos: Da imaginação para o mundo real - escritora Voní Loposzinski































Estrela-RS - julho de 2020
Fotos: Airton Engster dos Santos
Texto: Ana Caroline Kautzmann

Dia do Escritor | Da imaginação para o mundo real

Dos momentos mais marcantes como escritora, Voní Loposzinski, de 75 anos, que reside no Bairro Alto da Bronze, em Estrela, destaca o dia em que ministrou uma palestra no Distrito de Delfina e recebeu, de uma estudante, uma boneca de pano. Ali, ela viu a imaginação se tornando realidade. A boneca Bela é citada na trilogia de livros Supremos Momentos e até hoje é mantida no quarto da escritora, como uma das melhores lembranças da carreira.

Voní começou cedo a se interessar pela escrita. Se recorda que, quando criança, os livros eram emprestados pelo vizinho. “Nossa mãe sentava, à luz de uma lamparina, e lia. Sempre gostei de ler e isso me auxiliou. Eu costumava tirar o primeiro lugar em ditados e redações na escola”, conta.

Na escrita, o primeiro gênero literário adotado foi a poesia. “As minhas colegas me diziam que queriam a poesia de tal forma, eu sentava e fazia, mas avisava: eu faço as poesias, mas se os namorados de vocês se apaixonarem por mim eu não tenho culpa”, recordou, em meio a risos.

Voní escreveu o primeiro livro sobre poesias e, depois daquele, mais sete vieram. “O primeiro foi simples, com 98 páginas, lançado há cerca de 25 anos. Sempre tive muitas pessoas que me ajudaram, sou muito grata”, conta. Profissionalmente, também era proprietária de um escritório de contabilidade no município e dividia o tempo entre as contas e o teclar na máquina de escrever.

Herança do pai
Depois da poesia, Voní migrou para outros gêneros, inclusive, se aprofundou na herança familiar para lançar algumas obras. “Meu pai nasceu na Polônia. Eu não conhecia o país quando escrevi o primeiro livro, idealizei a história. Em 1994 fui para a Polônia e fiquei dois meses na casa do meu tio. Isso foi uma conquista muito valiosa, não falava a língua, nos comunicávamos apenas por gestos e conto isso no outro livro.” Indo atrás das raízes da família, utilizando imagens do país para ilustrar, consultando documentos e traduzindo cartas do pai, foram surgindo as outras edições.

Destaques da carreira

Nos 25 anos como escritora, Voní já palestrou em muitos lugares, principalmente em escolas, momentos de que guarda muitas lembranças. “É muito emocionante o carinho das pessoas. Em uma palestra, em Teutônia, um aluninho me abordou e disse: “olha tia, a professora dizia que a gente tinha que ler tal e tal livro. A gente lia, mas não gostava. Quando peguei esse Arco-Íris Polonês eu não parei mais, a senhora pode escrever quantos livros quiser que vou ler todos. Nunca me esqueço disso”, conta. Recorda ainda que quando o papa João Paulo II veio para o Brasil, ela entregou um de seus livros. “Eles estavam levando um avião cheio de presentes. Depois o Vaticano me respondeu, com uma bênção especial. Isso me orgulha muito.” Recentemente, ela foi convidada a enviar livros para a Biblioteca Pública Nacional da Polônia. “Não enviei ainda porque os Correios cobram R$ 1,5 mil”, conta.

Falta de apoio

O último livro que Voní lançou foi em 2014. Isso porque, segundo ela, falta apoio financeiro para viabilizar uma nova obra. “A lei auxilia se o livro for aprovado, mas é necessário que uma empresa financie 25% e até hoje não consegui, nem em Estrela, nem em outros municípios. Também precisamos de incentivo. Não sei se é o fim da literatura para mim, mas tenho um novo livro todo na cabeça.” Voní se refere ao Pró-Cultura RS, que dá benefício fiscal para empresa patrocinadora.

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