Leia Coluna do Airton Engster dos Santos no Jornal Nova Geração de Estrela

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Reinholdo Konrad e as casas enxaimel em Estrela


Na pacata Linha Harmonia, onde o vento parecia soprar histórias de um passado distante, Reinholdo Konrad, antigo professor da comunidade, gostava de contar sobre as casas enxaimel que pontilhavam a paisagem de Estrela. Sentado em sua varanda, ao lado de Luiza, sua amada esposa, ele narrava como os primeiros imigrantes alemães, cheios de esperança e coragem, haviam erguido aquelas casas com suas próprias mãos. "Cada viga de madeira, cada tijolo encaixado entre elas, carrega não só a técnica dos nossos antepassados, mas também a força de quem buscava construir um lar em terras tão distantes", dizia ele, com os olhos brilhando de orgulho.

Reinholdo via nas casas enxaimel mais do que simples moradias. Para ele, eram livros abertos, narrando em silêncio as dificuldades e conquistas dos pioneiros. Ele descrevia as longas tardes em que as famílias se reuniam para cantar em alemão, moldar o barro e reforçar as estruturas de madeira, enquanto as crianças brincavam ao redor. Luiza sempre acrescentava algum detalhe sobre a vida naqueles tempos – os banquetes de domingo, os cheiros que vinham da cozinha de fogão a lenha, e as janelas decoradas com cortinas de renda feitas à mão, que davam às casas um toque de delicadeza em meio à rusticidade.

Aos netos, incluindo Selmita, Sinésio, Marlene, Silácia, Wilmuth e os gêmeos Erico e Érica, Reinholdo contava que preservar aquelas construções era um ato de amor por uma história que não deveria ser esquecida. Ele temia que as enxaimel fossem engolidas pelo progresso e alertava: "Sem elas, quem contará às próximas gerações sobre a coragem dos nossos ancestrais? São as vigas e os tijolos que mantêm viva a memória do que fomos". E assim, cada palavra do professor se transformava em um legado, mantendo as casas enxaimel de pé e vivas no coração de quem o ouvia.

Airton Engster dos Santos

As casas em estilo enxaimel em Estrela e região

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Os pescadores do Rio Taquari

Norberto dos Santos: O Pescador das Águas do Rio Taquari



Norberto dos Santos: O Pescador das Águas do Rio Taquari

Norberto dos Santos era mais do que um homem dedicado à família e à fé. Ele também foi pescador em Estrela até 19

67, uma atividade que conectava sua vida ao curso sereno e abundante do Rio Taquari. Com suas águas límpidas e esverdeadas, o rio era uma fonte generosa de sustento e histórias, embalando os dias e as noites de Norberto e de seus companheiros de pesca.

No quintal de sua casa, Norberto transformava tábuas em caícos, pequenas embarcações artesanais essenciais para sua atividade. Ali, entre ferramentas, madeira e as memórias da infância, ele dava forma a esses barcos que se tornavam extensões de sua alma de pescador.

Esses caícos, feitos com esmero e habilidade, eram compartilhados com seus amigos Otávio, Emílio, Herbert e Silvério. Juntos, eles deslizavam pelas águas do Rio Taquari, celebrando o ofício da pesca e a conexão com a natureza.

Naquele tempo, as águas do rio não conheciam a poluição, e a vida aquática florescia em sua plenitude. O Rio Taquari era um verdadeiro paraíso para os pescadores, que podiam lançar suas redes e anzóis em busca de espécies como dourado, pintado, traíra e lambari. Cada pescaria era uma aventura, um encontro com o silêncio do rio, quebrado apenas pelo som das aves e pelo brilho do sol sobre as águas cristalinas.

A pesca era um ato de comunhão entre amigos e um ritual de pertencimento àquele lugar. No final do dia, o retorno à margem trazia, além do fruto do trabalho, histórias para serem compartilhadas.

Norberto e seus amigos pescadores viviam em harmonia com o Rio Taquari, respeitando seus ciclos e suas dádivas. A pesca era feita de forma sustentável, e o rio era visto como um parceiro, um presente que deveria ser cuidado e preservado.

Hoje, as águas do Rio Taquari já não são tão cristalinas como outrora, mas a memória de Norberto e de seus caícos permanece viva.

Norberto dos Santos foi um guardião do Rio Taquari, um artesão de caícos e um exemplo de respeito e amor pela natureza.

Airton Engster dos Santos - Escritor

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