Leia Coluna do Airton Engster dos Santos no Jornal Nova Geração de Estrela

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Dia da Árvore é celebrado em Estrela com resgate histórico e simbólica sobre o umbu e a onça

















































Dia da Árvore é celebrado em Estrela com resgate histórico e simbólica ação

Cerimônia “Raízes do Amor e Preservação”, realizada sábado (21), Dia da Árvore, foi marcada pela plantação de um Umbu e ornamentação com estátua de uma onça, que fazem parte da história e folclore da Praça Menna Barreto e o surgimento de Estrela

Celebrado em todo o mundo em 21 de setembro, o Dia da Árvore teve celebração especial em Estrela. No sábado (21), em cerimônia realizada na Praça Menna Barreto, ponto fundamental e central no surgimento do município, ocorreu a comemoração da data aliada a um resgate histórico, batizada de “Raízes do Amor e Preservação”. Uma muda de Umbu, árvore berço da praça e cenário de muitas histórias e lendas, foi plantada no local exato onde os livros, fotos e lembranças dos mais antigos trazem registros. Como complemento, uma estátua de uma onça passou também a adornar o espaço, outro elemento presente nas histórias que atravessaram gerações.

A ação, que também faz parte do plano de reestruturação da Praça Menna Barreto, no Centro, castigada pelos fortes ventos do vendaval de janeiro e os períodos chuvosos, foi realizada pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Inovação e Sustentabilidade (Sedis), através do Departamento do Meio Ambiente, com parceria do Memorial de Estrela. Participaram do evento, que também contou com apresentações musicais, autoridades, entre elas o vice-prefeito João Carlos Schäfer, a coordenadora do Meio Ambiente, Tanara Schmidt, e diversas pessoas que resgataram a história da simbólica árvore e suas lendas. Entre estes, o professor e historiador Leônidas Erthal e também Airton Engster dos Santos, coordenador do Memorial Estrela.

Passado x presente

A coordenadora do Meio Ambiente, Tanara Schmidt, destacou a representatividade do momento como um todo no atual cenário. “Não se trata apenas de uma árvore, mas de um chamado à responsabilidade coletiva com a flora, um apelo silencioso à preservação do nosso planeta. A escultura da onça, por sua vez, materializa o grito de alerta para a fauna em risco, como um lembrete vivo da fragilidade e beleza da biodiversidade local.” O historiador Leônidas Erthal conectou a história local com o presente, lembrando como descobriu, ainda jovem, a narrativa da onça na Praça Menna Barreto por meio de uma pesquisa escolar. “É através desses resgates históricos que compreendemos a relevância de manter vivas as histórias que moldaram nossa identidade. As histórias do folclore local são o alicerce que sustenta o nosso senso de pertencimento. Elas nos ligam às nossas origens e ao povo que veio antes de nós, garantindo que as memórias coletivas não se percam com o passar do tempo.” Por sua vez, Airton Engster disse ainda que o evento, mais do que uma celebração do Dia da Árvore, foi também um profundo convite à reflexão sobre o papel que todos temos na preservação da natureza e da cultura local.

Saiba mais

Na cerimônia, eles explicaram aos presentes um pouco o legado histórico da árvore, um dos marcos da antiga praça Santo Antônio, hoje Menna Barreto, área berço também das primeiras edificações de uma das antigas “fazendas” do Alto Taquari no século XIX, depois “Freguesia de Estrela”, vilarejo que ascendeu ao futuro município. E ainda da onça, que segundo os relatos, rondava e era guardiã da majestosa árvore, e que só deixou de fazer parte do cenário quando este também mudou, com o consequente crescimento do vilarejo e maior movimento de pessoas. Ainda assim, figura constante em histórias e lendas que se seguiram por anos e atravessaram gerações. “No alto da colina, onde hoje se situa o Centro de Estrela, o tempo corria de forma diferente. Não havia ainda o desenho familiar de ruas, nem o burburinho de um povoado em formação. A paisagem era vastidão, e a vida seguia os ritmos de uma grande fazenda, com a casa-grande olhando altiva sobre lavouras e senzalas”, diz Erthal. “Mas ali estava o suntuoso Umbu, e na toca de suas raízes adormecia a onça”, relata.

Segundo o historiador, o primeiro prédio, modesto, ergueu-se por volta do ano 1800. O segundo, “já com ares de civilidade” como testemunham os historiadores e registros, foi o sobrado de Antônio Vitor de Sampaio Menna Barreto, depois Hotel Ruschel. “Entre esses dois pontos, o que havia era a natureza em estado bruto, resistente ao trabalho das mãos que tentavam domesticá-la”, relata o professor. “Foi nesse cenário que Antônio Vítor de Sampaio Menna Barreto começou a esboçar as primeiras ruas. E assim a onça deixou de ser vista, mas cujo rugido seguiu ecoando pela colina, servindo também para incrementar a imaginação em torno de histórias, contos e lendas.”

sábado, 21 de setembro de 2024

No Dia da Árvore, Estrela realizou o plantio de um Pé de Umbu, na Praça Menna Barreto
















Estrela-RS 21 de setembro de 2024.

No Dia da Árvore, Estrela realizou o plantio de um Pé de Umbu, na Praça Menna Barreto. O coração da cidade bate ao ritmo da terra e da tradição. Sob o olhar atento dos presentes, algo mais profundo foi semeado — uma memória ancestral, a lembrança de que a vida, em sua essência, se renova, cresce, floresce.

O Umbu, resistente e simbólico, será uma árvore a enraizar-se no solo estrelense. Será testemunha do tempo, assim como foi outrora. A história que o acompanhará, "A Onça e o Pé de Umbu", ecoará pelos galhos como uma lenda que remonta a tempos onde a vila era floresta. Estrela, com suas ruas modernas e seus prédios altos, nasceu da paciência da terra, do suor de seus habitantes e também dos segredos da mata que um dia foi senhora deste lugar.

Diz-se que, em tempos antigos, uma onça majestosa percorria estas terras. Ela, com sua presença silenciosa e altiva, conhecia cada curva do rio e cada sombra da floresta. O Pé de Umbu, robusto, era seu refúgio, por sua sombra refrescante, mas porque ali, embaixo de suas folhas, ela sentia a pulsação da terra, o ritmo da vida, o chamado da natureza que, naquele tempo, reinava soberana.

Hoje, ao plantar o Umbu na praça, a cidade reescreve sua história. O mesmo espírito de resistência que a onça trazia nos olhos continua presente. As mãos que cavarão a terra para o plantio são as mesmas que constroem a cidade, que a transformam, mas que, ao mesmo tempo, mantêm viva a memória de que tudo começou com a paciência da terra.

Na Praça Menna Barreto, entre os murmúrios de histórias do folclore e a promessa de um futuro verde, Estrela renasce. A cidade, que um dia foi floresta, nunca esqueceu suas origens. E agora, com o Pé de Umbu firmemente plantado, a onça pode descansar, sabendo que sua terra ainda respira, forte e resiliente como sempre. Airton Engster dos Santos.

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Déo Moraes e o Velho Violão no Memorial de Estrela


O velho violão de madeira repousava em silêncio no Memorial de Estrela. Um instrumento que outrora acompanhara vozes e melodias em momentos de pura alegria. Suas cordas, há muito tempo imóveis, pareciam sussurrar saudades de mãos habilidosas, de um artista que pudesse lhe devolver a vida. E foi quando Déo, músico querido de Estrela, entrou naquele espaço com o coração cheio de amor pela música e pelos Beatles.

Ao avistar o Del Vécchio, algo pareceu acontecer. Era como se uma conexão imediata fosse estabelecida entre o artista e o violão, ambos entendendo, sem palavras, que aquele momento era especial. Com delicadeza, Déo tomou o instrumento em suas mãos, analisando suas marcas do tempo, sua estrutura desgastada, e soube que o velho companheiro merecia mais do que o silêncio.

Foi então que, com maestria e dedicação, Déo iniciou a restauração. Cada fio, cada peça recolocada no lugar, era um gesto de amor. E, aos poucos, o violão renascia, com a promessa de fazer vibrar novamente o som que tanto significava para quem o ouvia.

Quando chegou o momento de tocar, o silêncio do Memorial foi substituído pelo som suave das cordas. Déo dedilhou a melodia com uma precisão quase divina, e as notas flutuaram pelo ambiente como se sempre tivessem estado ali, apenas esperando para serem libertadas. As primeiras canções que ele escolheu foram como um tributo – uma homenagem não só aos Beatles, mas também à memória de todos os artistas que um dia fizeram o Del Vécchio cantar.

As notas ecoaram, e as lágrimas brotaram nos olhos de muitos presentes. Era uma celebração da vida, da arte e da persistência das histórias que jamais devem ser esquecidas. O velho violão, que antes chorava de saudade, agora sorria novamente, nas mãos de um artista que compreendia sua alma.

E ali, entre as paredes do Memorial de Estrela, o tempo parou. Déo e o violão, juntos, emocionaram a todos, mostrando que a música tem o poder de restaurar não apenas instrumentos, mas também corações. 

Airton Engster dos Santos - Coordenador do Memorial de Estrela.


CTG Raça Gaudéria de Estrela - morada da cultura, um refúgio da tradição gaúcha




Há um lugar em que as tradições nunca perdem o ritmo: o CTG Raça Gaudéria, fundado em 1990. Os mais velhos contam histórias e ecoam o som da gaita, enquanto os pés calejados seguem o compasso da tradição. Ali, o passado e o presente se encontram em um abraço forte e caloroso, como o mate amargo partilhado ao redor do fogo.

Os fandangos iluminam as noites, trazendo gente de todas as querências. Homens e mulheres, vestidos com suas bombachas e saias rodadas, rodopiam no salão como se o tempo não importasse, apenas o prazer de ser gaúcho. E, para quem ainda não aprendeu a dança, há o curso de danças que ensina o compasso da música e o respeito pelos antepassados. O salão vira uma verdadeira escola, onde cada passo é uma reverência à cultura do Sul.

Nas cavalgadas, o campo vira cenário e o horizonte, um destino distante, mas sempre à vista. Cavalos e cavaleiros, lado a lado, cruzam o pampa, sentindo a brisa no rosto, o cheiro de terra molhada e o som dos cascos no chão. A tradição corre solta, como o gado em campo aberto. No final da jornada, o jantar campeiro aquece o corpo e a alma, com o gosto inconfundível de uma comida feita com esmero e paixão.

Mas o verdadeiro tesouro do CTG Raça Gaudéria está na invernada artística. Ali, jovens ensaiam com dedicação, suas roupas coloridas e movimentos precisos emocionam o público em cada apresentação. Quando sobem ao palco, carregam nos ombros o orgulho de suas raízes e nos pés a leveza de quem aprendeu a dançar com o coração. Seus olhos brilham ao som das músicas que falam de saudade, de terra, de povo. Não há quem não se arrepie ao ver aqueles meninos e meninas transformando cada apresentação em um espetáculo de pura arte gaúcha.

O CTG Raça Gaudéria é uma morada da cultura, um refúgio da tradição e, acima de tudo, um ponto de encontro entre o ontem e o hoje, onde cada fandango, cada cavalgada, cada ensaio da invernada mantém viva a chama de ser gaúcho. Aqui, o tempo pode passar, mas a alma gaudéria, essa, nunca se apaga. Airton Engster dos Santos - Coordenador do Memorial de Estrela