Leia Coluna do Airton Engster dos Santos no Jornal Nova Geração de Estrela
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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Histórias da Nossa História - Imigração Alemã para o RS e Estrela-RS

Primeiros Imigrantes em Estrela-RS
Antiga Casa Comercial na Linha São José - Estrela-RS

Imigração Alemã no RS e Estrela

Estrela é o município mais antigo do Vale do Taquari. Foi pelo Rio Taquari que aqui chegaram os colonizadores que desbravaram a mata virgem e passaram a colonizar esta terra. Os primeiros imigrantes vieram da região de São Leopoldo e São Sebastião do Caí. Chegaram em Estrela por volta de 1856 e se fixaram nas fazendas, nas picadas, como Picada Grande (Novo Paraíso), Arroio do Ouro e Boa Vista. 

Os pioneiros da imigração alemã vieram dispostos a enfrentar as dificuldades que não foram empecilho para cultivarem as tradições que trouxeram da pátria de origem. 

Os alemães apareceram entre os primeiros imigrantes europeus que vieram para o Brasil. Já em 1824 chegavam a São Leopoldo. De 1817 a 1850, chegaram 7.626 imigrantes alemães, atraídos por promessas de terras para o cultivo, ajuda de custo e de equipamentos por parte do governo para colonização de grandes áreas de terras. 

As promessas não se cumpriram e os colonos imigrantes se viram abandonados à própria sorte, obrigados a enfrentar, sem recursos, a mata virgem, o clima, o povo e a língua desconhecida, problemas de saúde, de adaptação, de isolamento e muito mais. 

Em 1859 o governo alemão proibiu a vinda de novos imigrantes para o Brasil, por descumprimento das promessas por parte do governo brasileiro. 

A boa vontade do governo esbarrava na intransigência dos latifundiários que queriam mão-de-obra barata para suas fazendas e não pequenos proprietários. 

Com tais dificuldades, os alemães preferiram então emigrar para os Estados Unidos, Uruguai, Chile e Argentina. 

Vindos para o Brasil, os alemães trouxeram também seus costumes, seus gostos, sua cultura, suas tradições. Apegados a terra natal mantiveram o uso da própria língua e, especialmente no interior desenvolveram círculos fechados, buscando proteger-se e superar dificuldades. 

Embora a grande maioria dos imigrantes alemães se registrasse como agricultores para atender a exigência do governo brasileiro, muitos deles preferiram ficar nas cidades, ou abandonavam logo o trabalho da terra, em vista dos poucos recursos de que dispunham. 

Nas cidades passaram a desenvolver habilidades e ofícios artesanais aprendidos na terra natal. 

Uma das características foi a rápida reprodução, fato que veio a compensar o pequeno número que aqui se estabeleceu. Ao chegarem à segunda ou terceira geração, já se formavam verdadeiras ilhas culturais. O maior número de filhos representava também mais força de trabalho e conseqüentemente maiores possibilidades para progredir. Reuniam-se em torno da capela, inicialmente católica, e, depois, também luterana e de outras confissões protestantes. 

Davam valor ao ensino e formação das novas gerações, por isso construíram e sustentaram as escolas comunitárias. 

Conservavam e transmitiam aos filhos seus costumes, tradições e valores, demonstrados na vivência da fé, no amor ao trabalho, na preservação da unidade familiar, nas festas populares, com música e danças alemães, trajes característicos, comidas típicas e apresentações artísticas. 

É inegável a contribuição da cultura alemã para o desenvolvimento brasileiro. Assumindo a agricultura, os colonos imigrantes conferiram maior dignidade ao trabalho braçal, antes desenvolvido somente por escravos. 

Introduziram novas técnicas como o arado e o cultivo de novos produtos. 

Desenvolveram a pequena propriedade rural. Formaram verdadeiras colônias que evoluíram para cidades. 


Aceleraram o processo de industrialização com experiências trazidas da Europa. Participaram da criação do sindicalismo e cooperativismo brasileiro. Desenvolveram o ensino através de escolas e universidades. Deram grande impulso as artes, à arquitetura, à medicina entre outras ciências. 


Texto: Airton Engster dos Santos 
Referências: IBGE, Estrela 119 anos de Emancipação e Museu Histórico Visconde de São Leopoldo. 
Imagem: Aepan-ONG