Por volta das 3h de ontem (23), duas viaturas da Polícia Civil saíram em direção ao Presídio Regional de Santa Cruz do Sul (PRSCS). Nos bancos traseiros, quadro pessoas - três mulheres e um homem - acusadas de furtar mercadorias em um supermercado de Venâncio Aires. Entre as mulheres, uma grávida, mãe de oito filhos e que está prestes a dar à luz a mais um. Na ficha de antecedentes de Renata Janaína Quadros Lucca, 38 anos, existem 29 acusações de furto, em 17 cidades do Estado.
Para os agentes do Setor de Investigações (SI) da Polícia Civil, Renata é a 'cabeça' de um grupo especializado em praticar furtos em estabelecimentos comerciais, principalmente em supermercados. Na ficha dela constam detenções em cidades como Porto Alegre, Canoas, São Lourenço do Sul, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Ivoti, Parobé, Três Coroas, Bom Princípio, Cachoeirinha, Esteio, Sapiranga e Montenegro. Nenhuma em Viamão, cidade onde ela e seus comparsas residem.
Em nossa região, Renata já foi acusada de praticar furtos em Taquari e Santa Cruz do Sul. Nesta cidade, tem uma passagem em 2001 e outra em 2010. Na última vez, foi autuada em flagrante por furto e acabou no PRSCS.
Segundo o que foi apurado, o bando - geralmente formado por quatro mulheres e um homem - chega ao local de carro. O veículo é deixado no estacionamento, onde o homem fica controlando a movimentação. As mulheres entram no estabelecimento e uma delas pega um carrinho e começa a escolher os produtos, como se estivesse fazendo compras.
"Pois se elas colocarem direto nas bolsas, algum cliente pode ver e avisar os funcionários", explica o investigador Paulo Ullmann. As outras, todas com bolsas à tira-colo, apenas olham mercadorias em corredores diferentes.
Em um determinado momento, uma delas vai até a parceira que está com os objetos no carrinho e lhe entrega uma bolsa. Hábil, a mulher procura um local onde não há vigilância e passa as mercadorias para dentro da bolsa. A colega pega a bolsa cheia de produtos, sai do local, descarrega no automóvel e retorna ao estabelecimento.
Conforme o investigador, o homem que permaneceu no veículo também é um dos 'cabeças' do bando. Ele é responsável por dar destino à mercadoria e depois pagar as mulheres. Na prisão realizada quinta-feira, o motorista era Antônio Marcos Fagundes Benitez, 38 anos. Ele não entrou no mercado, mas no carro que ele dirigia, um Uno com placas de Viamão, a Brigada Militar apreendeu diversas mercadorias furtadas do Lehma.
Em sua ficha de antecedentes constam acusações de furto e receptação. Benitez também foi preso em flagrante, em 2009, acusado de roubar um automóvel.
AS PRISÕES
Passavam alguns minutos das 18h quando a Brigada Militar foi avisada de que um grupo estava em atitudes suspeitas no interior do Lehma, às margens da RSC-453, no bairro Battisti. O denunciante relatou que algumas mulheres teriam furtado mercadorias e fugido do local. Duas delas entraram em um Uno vermelho e outras duas saíram do local a pé.
Uma patrulha fez buscas e abordou o Uno próximo ao trevo do bairro Coronel Brito. O carro era dirigido por Benitez e tinha como caroneiras Renata e uma adolescente de 17 anos. O veículo estava abarrotado de mercadorias sem procedência. O trio foi detido e os brigadianos saíram atrás das outras duas mulheres.
No carro foram apreendidos 22 caixas de chicletes, três pacotes de salame fatiado, três refil de Bom Ar, 23 frascos de óleo de amêndoa, além de sabonetes, desodorantes rol on, entre outras mercadorias.
Kelle Lucca dos Santos, 23 anos, e Janaína Machado Moltter da Silva, 34 anos, caminhavam às margens da rodovia, próximas ao mercado, quando foram abordadas.
Testemunhas garantiram aos brigadianos que as mulheres estavam no mercado, o que se confirmou com as imagens da câmeras de segurança. Por causa do 'modus operandi', explica o investigador Paulo Ullmann, nenhuma delas aparece nas imagens furtado os objetos.
Na ficha de antecedentes de Janaína constam oito acusações de furtos. As três mulheres e o homem foram autuados em flagrante pelo delegado Felipe Staub Cano por furto qualificado e encaminhados ao presídio. A adolescente, que foi assistida por duas conselheiras tutelares, voltou à Viamão na companhia de uma advogada, que veio defender os presos.
Fonte: Folha do Mate