Por prejudicar milhares de empregos e roubar bilhões de reais em receitas, o contrabando nunca saiu do foco da economia organizada, da Polícia Federal e da Receita Federal. A cada ano, o Brasil perde cerca de R$ 100 bilhões a título de evasão fiscal, segundo cálculos do Movimento em Defesa do Mercado Legal Brasileiro.
No RS, o valor anual sonegado via contrabando soma R$ 350 milhões, estima o presidente do Instituto do Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf), Luciano Barros. Maior fabricante de cigarros do país, a indústria gaúcha do tabaco é vítima número um. O Estado também perde. Apenas em ICMS o prejuízo do contrabando de cigarros chegará a R$ 200 milhões neste ano.
Grande parte do cigarro ilegal no Brasil entra pela fronteira com o Paraguai, terra onde é espessa a fumaça das chaminés da indústria do tabaco. Há uma boa razão para isso: o presidente do Paraguai, Horácio Manuel Cartes Jara, é conhecido como patrão do tabaco. “Ele é dono das duas maiores fábricas de cigarros paraguaias”, diz Iro Schünke, presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), com sede em Santa Cruz do Sul.