Alberto Ruschel 100 Anos
1918-2018
Nascido em Estrela (RS), no dia 21 de fevereiro 1918, cresceu numa chácara em Arroio do Ouro, depois de completar os primeiros anos na escola, o cineasta migrou para Porto Alegre. Em 1940, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde iniciou a carreira artística. Primeiramente, foi cantor no conjunto Quitandinha Serenade’s. Após, conheceu Grande Otelo e, através dele, chegou ao cinema pela companhia Atlântida, atuando em comédias carnavalescas.
Na sequência, Ruschel ingressou na Vera Cruz, de São Paulo, onde tornou-se famoso, inclusive internacionalmente, ao protagonizar o filme O Cangaceiro (1953), de Lima Barreto. A obra foi selecionada para o Festival de Cannes de 1953, onde ganhou dois prêmios: Melhor Filme de Aventura e Menção Especial para Música. Atuando em vários filmes durante a década de 1950, seu sucesso o levou ao exterior, sendo ator principal em produções na Espanha e na Argentina.
Em 1973, realizou a primeira experiência como diretor-roteirista, em Pontal da Solidão, filmado em Torres (RS). Ao longo da carreira, recebeu diversas homenagens e recompensas, como a Medalha dos Andradas do Instituto Histórico e Geográfico de Santos (1990), pelos “serviços prestados à Arte a à Cultura do país” e o Troféu Saci, do jornal O Estado de São Paulo, como melhor ator nos filmes Angela (1951), Apassionata (1952) e Cara de Fogo (1958).
Por toda dedicação ao cinema nacional, Alberto Ruschel foi homenageado no 21º Festival de Cinema de Gramado em 1993, com o troféu Oscarito.
Em 18 de janeiro de 1996, Ruschel faleceu, aos 77 anos, devido a uma hemorragia no duodeno quando se recuperava de uma cirurgia cardíaca. Ele vivia no Retiro dos Artistas, no Rio de Janeiro.
Exposição 100 Anos Cineasta Alberto Ruschel:
Promoção: Secultur e Memorial da Aepan-ONG
Abertura: 20 de fevereiro de 2018 - 19h 30min
Local: Centro de Cultura e Turismo Bertholdo Gaussmann
Estrela-RS
Conteúdo: Exposição de fotos; Projeção de filmes (O Cangaceiro; Paixão de Gaúcho; Angela; Pontal da Solidão) e apresentação de músicas gravadas pelo conjunto Quitandinha Serenade’s (Felicidade; Sabiá entre outras); e ainda trilhas dos filmes de Alberto Ruschel.
Participação Especial: Musicistas de Estrela.
Ator: cinema - fonte - Wikipédia
A Volta de Jerônimo (1981)
Desejo Selvagem (1979)
O Guarani (1979)
Iracema, a Virgem dos Lábios de Mel (1979)
Os Trombadinhas (1979)
O Grande Rodeio (1975)
Intimidade (1975) .... Pedro
A Noiva da Noite (1974)
Pontal da Solidão (1974)
O Palácio dos Anjos (1970)
Riacho do Sangue (1966) .... Ponciano
Luta nos Pampas (1965)
Aconcagua (1964)
A Morte Comanda o Cangaço (1961) .... Raimundo Vieira
O Capanga (1958)
Matemática Zero, Amor Dez (1958)
Cara de Fogo (1957)
Paixão de Gaúcho (1957)
Ha pasado un hombre (1956)
El puente del diablo (1956)
Orgullo (1955)
Três Garimpeiros (1955) .... Alberto Prado
O Cangaceiro (1953) .... Teodoro
Esquina da Ilusão (1953) .... Dante Rossi
Apassionata (1952) .... Luiz Marcos
Terra É sempre Terra (1952)
Aí Vem o Barão (1951) (integrante do Quitandinha Serenaders)
Ângela (1951)
Não É nada Disso (1950) (Quitandinha Serenaders)
É Com Este que Eu Vou (1948) (Quitandinha Serenaders)
E o Mundo se Diverte (1948)
Este Mundo É Um Pandeiro (1947) (Quitandinha Serenaders)
Não Me Digas Adeus (1947) (Quitandinha Serenaders)
Ator: TV
O Todo Poderoso (1979)
Produção executiva: cinema
(creditado como Alberto Miranda Ruschel)
A Arte de Amar Bem (1970)
Cléo e Daniel (1970)
O Homem Nu (1968)
As Cariocas (1966)
Três Histórias de Amor (1966)
Direção e roteiro: cinema
Pontal da Solidão (1974)
Quitandinha Serenaders
A gauchada nos Quitandinha Serenaders, um dos grandes conjuntos vocais brasileiros dos anos 50 - e o autor de "Os Homens de Preto"
Originalmente a banda da casa do luxuosíssimo Hotel-Cassino Quitandinha (em Petrópolis, no Rio), que lhe batizara, o "Quitandinha Serenaders" foi um dos melhores conjuntos vocais de uma época – anos 1940 e 50 – onde os piores já eram muuuito bons. Os Serenaders competiam taco a taco com Os Cariocas, Os Titulares do Ritmo, Quatro Ases e Um Coringa, Anjos do Inferno e mesmo o já pleistocênico Bando da Lua. Podiam não ser os mais populares, mas arrasavam no vocal, no glamour, charme e elegância. Com todos esses atributos somados aos olhos e ouvidos das moçoilas, chegaram ao posto de campeões de cartas da Revista das Moças, o que não era pouca balaca.
Pois o grupo tinha nada menos que três gaúchos: Luiz Telles, o futuro galã de cinema Alberto Manuel Miranda Ruschel (Estrela, 21/02/1918 – Rio, 18/01/96) , futuro astro de "O Cangaceiro" e outros 32 filmes) e Francisco ‘Chico’ Pacheco. Já o quarto elemento era um carioca de peso: o violonista e compositor Luiz Bonfá, futuro craque da Bossa Nova.
Nem com a proibição do jogo e o fechamento dos cassinos, em 1946, os caras desistiram. Desceram de Petrópolis paro o Rio e seguiram cantando e vestindo de tudo, mas sempre com ênfase nas canções gaúchas – folclóricas ou não – interpretadas de bombacha e lenço! Eram uma espécie de Conjunto Farroupilha, mas com um repertório um pouco mais aberto. Em 47, por exemplo, causaram grande frisson nos cinemas porto-alegrenses ao aparecerem num filme da Atlântida (quase certamente "Este Mundo é um Pandeiro") lançando para o sucesso um xote de Lupicínio Rodrigues. Sim! E que xote: "Felicidade", o futuro clássico.
Quando, em 1953, Bonfá decidiu partir para carreira solo, o grupo acabou. Mas, antes, Telles ainda tentou encaixar um desconhecido e talentoso protegido seu, chamado João Gilberto. Tentou… mas o baiano reclamava de tudo, achava tudo careta. Quem acabou assumindo, ainda que durante um curto período, foi Paulo Ruschel, irmão de Alberto e autor do clássico absoluto "Os Homens de Preto", deixando o quarteto 100% gaúcho.
E nada mais natural. Afinal, Alberto, Luiz e Paulo haviam começado juntos na música, em 1942, em Porto Alegre, no Conjunto Universitário. Foi justamente esse trio que chegou ao Rio em 1943 junto com a Caravana Universitária do RS para a VI Olimpíada Universitária de Jogos e Esportes. E lá decidem ficar, para tentar a vida… como músicos.
Paulo, aliás, merece mais que um parêntese: nascido em Passo Fundo (280 km a noroeste de Porto Alegre), dia 11 de maio de 1919, além de cantor e compositor, foi ator e escultor, premiado e tudo. Cruzando suas artes, criou o troféu da Califórnia da Canção, a Calhandra. Além de "Os Homens…" compôs mais pelo menos dois outros clássicos regionais: "Roda Carreta" e "Iemanjá". Quando se desmancha definitivamente o Quitandinha, bate aquela inexorável saudade do pago e ele se manda de volta para o interior do Rio Grande do Sul, estabelecendo-se numa fazenda em Cruz Alta. Ali, trabalha como escultor e compõe canções regionalistas. Ainda na década de 50, mora uns tempos em São Paulo, trabalhando em rádio e TV. Mas volta definitivamente para Porto Alegre e morre de ataque cardíaco em 1974, dia seis de junho – ou cinco de julho, os registros variam. Tinha apenas 55 anos e decidira há pouco retomar a carreira musical. Estava no meio de uma turnê pelo interior do estado junto com a cantora lírica Déa Mancuso.
Já Luiz Telles, do qual pouco se sabe, morreu em 1984, com 69 anos.
A Fama de Alberto Ruschel
A fama de Alberto Ruschel transpôs o território nacional. Fez filmes no estrangeiro, sobretudo na Espanha. Foi rico e morreu pobre – em 1996, por complicações decorrentes de cirurgia cardíaca, no Retiro dos Artistas, no Rio de Janeiro.
Filho de Alberto e Rita Ruschel, cresceu em uma chácara em Arroio do Ouro. Com a morte do pai, ainda menino, mudou-se com a mãe e os cinco irmãos para Porto Alegre. Na adolescência, já revelando pinta de galã, fazia sucesso junto às colegiais que observavam a movimentação na rádio pioneira da Capital, a Gaúcha, onde Alberto trabalhava como produtor.
Tornou-se ator aos 30 anos. Antes do palco, foi cantor, junto com o irmão Paulo Ruschel, na década de 1940, integrando o conjunto musical “Quitandinha Serenaders”, tido como um dos precursores da Bossa Nova. Da música, Alberto entrou para o cinema e viu sua carreira ascender rapidamente. Mesmo distante do Rio Grande do Sul, sempre manteve o vínculo com as origens. É o que assegura o filho Alberto – “Beto”, que herdou o nome do pai –, também produtor de cinema, em São Paulo: “De certa forma, ele nunca se desligou da sua terra. Sempre que podia, voltava, levava amigos para conhecer Estrela”.
A consagração
Dentre os mais de trinta filmes em que atuou, Alberto ficou marcado pelo perfil do personagem de “O Cangaceiro”, quando contracenou com nomes como Vanja Orico e Adoniran Barbosa. O taciturno Teodoro é escapa com a mocinha da história.
A trama, embalada pela premiada música “Mulher Rendeira”, na interpretação do grupo Demônios da Garoa, é inspirada na história de Lampião. Ruschel, na promoção das obras do gênero, é identificado como “o gaúcho másculo e destemido que enfrenta mil e uma peripécias”. A jornalista e doutora em Comunicação Social Adriana Ruschel Duval, sobrinha-neta, confirma: “Ele tinha porte físico e expressões que combinavam bem com a interpretação de personagens fortes”.
A relação do Autor com Estrela:
São raras e preciosas lembranças, que reverenciam o homem considerado “filho ilustre” da cidade. Para a historiadora Letícia Oliveira, Alberto Ruschel “teve uma importância enorme para a cidade”. Ela recorda uma passagem, quando da exibição do filme no Cinema Guarany, em que o ator veio para Estrela e foi recebido com festa. “Desfilou pelas ruas da cidade”, lembra. Outra referência da vida do artista em Estrela é a casa onde nasceu, que já abrigou uma escola comunitária.
Com 150 anos, está preservada e hoje pertence a familiares.Alberto também frequentou o município para participar das festas da família Ruschel , sobretudo entre os anos de 1980 a 1990. Nessas oportunidades, revia parentes e amigos. Contudo, as novas gerações estão distantes do passado glorioso desse estrelense da tela grande.
Beto Ruschel ressalta que o pai tinha afeição por visitar cidades do interior. Divertia-se com os “causos de gente brasileira”, de pessoas que viviam afastadas dos grandes centros. Teria percorrido o Brasil para incorporar intensamente seus projetos. “Sonhou com um bom cinema, com histórias boas e brasileiras, com algum incentivo do governo. Leu tudo o que encontrou sobre os nossos índios, me levou para a reserva do Xingu, aprendeu tudo sobre a retirada da Laguna, sobre os Muckers, sobre Santa Catarina”, relata Beto, em um texto emocionado que publicou por ocasião da morte do pai.
Alberto Ruschel foi tema na tese de doutorado da historiadora Miriam Rossini (1998),que enfoca os cineastas gaúchos e a filmografia do Pampa. Ruschel sempre preferiu os filmes rurais. No total, dirigiu, produziu e estreou 33 filmes e uma novela.
Os irmãos Ruschel
A família Ruschel contribuiu com o trabalho voltado à arte e à cultura não apenas com Alberto. Seus irmãos Nilo, Ernani, Paulo e Ruth tiveram expressivas participações no âmbito do rádio e da produção musical. O professor e historiador José Alfredo Schierholt registrou esse legado na obra “Estrela, Ontem e Hoje” (2002).
Paulo Ruschel: foi compositor e cantor. Compôs a música “Os Homens de Preto”, considerada, por voto popular, uma das dez mais importantes do Estado. Foi gravada até mesmo por Elis Regina e serviu de trilha do programa Campo e Lavoura, da RBSTV. Paulo e Alberto atuaram no conjunto Quitandinhas Serenader’s e faziam muito sucesso nas rádios.
Nilo Ruschel: foi jornalista, escritor, advogado, suplente de deputado estadual, assessor político, e dos primeiros professores universitários de Jornalismo (PUCRS e UFRGS, anos 1950). Junto com o irmão Ernani foi locutor pioneiro do rádio gaúcho, atuando nas emissoras Gaúcha e Difusora, nos anos 1930 e 1940.
Ernani e Ruth: atuaram no meio radiofônico, Ernani como locutor, antes mesmo do ingresso do irmão Nilo. Ruth interpretou personagem no que se considera o primeiro programa infantil do rádio no RS, em 1934, pela Gaúcha. Também nessa emissora, Ernani fez a primeira narração radiofônica de uma partida de futebol, em 1931, em jogo entre Grêmio e Coritiba.
Ruschel, Alberto - Cantor, ator, diretor e cineasta brasileiro e internacional. Depois de se alfabetizar na escolinha de sua terra, completou o primário no Colégio Santo Antônio. Acompanhou seus irmãos Maria, Ruth, Nilo, Ernani e Paulo na mudança da família para Porto Alegre, onde seu espírito irrequieto foi se mesclando com o ambiente cosmopolita, sempre em busca de algo novo, um tanto fora dos padrões e de forma artística, especialmente na área da comunicação. No início teve que ajudar na manutenção da família e trabalhar. Com 12 anos de idade, iniciou na comunicação: servir na seção de manutenção da Companhia Telefônica Riograndense. Teve ainda meteórica passagem como moldureiro, manobrista e frentista na Garagem Central. Mais à vontade se sentiu ao atuar como discotecário da Rádio Gaúcha, em contato direto com a arte e comunicação. Em meados da década de 1930 foi tentar a sorte na cidade portuária de Rio Grande, na fábrica de enlatados da Swift. No tempo livre, acompanhou amigos e seu irmão Paulo para tocar música, animar festinhas. No início da década de 1940, agrupou-se com gaúchos e seu irmão Paulo no Rio de Janeiro, onde fez parte do Quitandinhas Serenader's, com muito sucesso. Da música entrou para o cinema, em 1946 e, dez anos depois, já está na Espanha, onde fez três filmes. Do seus 21 filmes, O Cangaceiro realizado em 1952, foi exibido por vários anos, em 80 países. * 1916, em Arroio do Ouro, Estrela, + 18-1-1996, no Rio de Janeiro, f. Pedro Alberto Ruschel e Rita Bittencourt. Merece nome de rua. – Há um Alberto Ruschel, engenheiro químico na Klabin S. A., em Correia Pinto, SC. * 1970, em Porto União, SC, f. Roseline e Renato Ruschel.