Leia Coluna do Airton Engster dos Santos no Jornal Nova Geração de Estrela

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Lajeado e o Meio Natural


Lajeado e o Meio Natural





O meio natural em que vivemos ...

O resultado da interação dos elementos clima, relevo, geologia, geomorfologia, hidrografia, solos e vegetação aliados à ação antrópica, resultam em diferenças que particularizam os diferentes lugares e consequentemente as diferentes regiões geográficas. Tomando como base os aspectos físicos de uma determinada área, que corresponde, “ à organização espacial dos sistemas ambientais físicos desta”, o município de Lajeado, assim como os demais municípios que compõe o estado do Rio Grande do Sul, apresenta especificidades nos seus mais variados aspectos, tornando-o particular em relação às áreas circunvizinhas.

Clima
De acordo com Vieira (1984), o Rio Grande do Sul, devido a sua posição geográfica (paralelo 30°) representa a paisagem de condições climáticas da zona tropical à temperada.

Segundo Nimmer (1989), a região apresenta um clima do tipo mesotérmico brando se fazendo uniforme em quase todo o estado do Rio Grande do Sul, devido a temperatura de inverno não atingir índices tão baixos como aqueles registrados em outras regiões de maiores altitudes.

Por estar localizado em latitudes médias, o Estado sofre constantes entradas de massas de ar de origem polar (fria) que provocam grande influência da Frente Polar Atlântica (Correntes Perturbadas de Sul) e de Instabilidades Tropicais (Correntes Perturbadas de Oeste). Esporadicamente ocorre a entrada de Frentes Quentes, elevando a temperatura.

Conforme o relatório da Secretaria da Agricultura e Abastecimento sobre o Macrozoneamento Agroecológico e Econômico do Rio Grande do Sul, as precipitações anuais do município de Lajeado são bem distribuídas durante o ano e variam entre 1.400 a 1.800mm e as temperaturas máximas oscilam, em média, entre 23° a 26° e as mínimas entre 12° a 14°.

Cabe lembrar que as anormalidades climáticas que ocorreram neste município e nos demais do Estado, muitas vezes estiveram associados ao fenômeno “El Niño”. Este fenômeno, basicamente corresponde a elevação, em determinado período, da temperatura na superfície líquida do oceano Pacífico. Tal aquecimento provoca aumento de temperatura nas massas de ar responsáveis pela dinâmica do sistema atmosférico geral da Terra e, com isso as condições de tempo de várias partes do Planeta sofrem alterações.

No Rio Grande do Sul, a conseqüência desse fato é o constante “estacionamento” de frentes, ocasionando altos índices pluviométricos e, consequentemente, fortes enchentes em todo o estado, principalmente nas planícies aluviais em baixas altitudes, terrenos geralmente planos o que dificulta o escoamento do excedente pluviométrico.

Segundo a classificação climática de Köppen, é Cfa, ou seja, clima temperado chuvoso, com chuvas bem distribuídas ao longo do ano e subtropical termicamente. Com base nos mapas de distribuição geográfica das disponibilidades dos principais elementos do clima do Rio Grande do Sul, contidas no Atlas Agroclimático do Estado do Rio Grande do Sul, elaborados pela IPAGRO/SAA/RS em 1989, os valores estimados para 

A região é classificada como termicamente subtropical, pois nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, a temperatura média mensal do ar é superior a 22°C. Já nos meses de inverno, junho a agosto, o valor médio das temperaturas mínimas encontra-se na faixa de 8 a 10° C, ocorrendo geadas numa média em torno de 15 ocorrências por ano. Destaca-se também que é comum a ocorrência de períodos frios, de uma ou duas semanas, alternados com a ocorrência de períodos com temperaturas elevadas, pois, no Rio Grande do Sul é normal a ocorrência de massas quentes e frias de ar ao longo de todo ano.

Com relação à precipitação, verifica-se que não existe uma estação seca bem definida. É oportuno ressaltar que no período de dezembro a março, devido a elevada disponibilidade de energia solar, é substancialmente maior a evapotranspiração que, aliada à característica de elevada variabilidade temporal e geográfica da precipitação, resulta na ocorrência de períodos de deficiência hídrica. Constata-se que, em um a cada cinco anos, ocorrem deficiências hídricas significativas de até 40mm nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, considerando-se uma capacidade máxima de armazenamento de água no solo de 100mm. Estas deficiências coincidem com o sub-período crítico de muitos cultivos anuais de verão e afetam significativamente o rendimento destes cultivos.

Os valores de umidade relativa do ar são elevados ao longo do ano todo, sendo um pouco maior no inverno. Esta característica de umidade relativa do ar elevada é comum a todo o estado do Rio Grande do Sul.

Com relação à disponibilidade de energia, número de horas de brilho solar e total de energia, observa-se que nos meses de junho a agosto, o valor médio de insolação é baixo, da ordem de 5horas/dia, certamente resultante da alternância de dias limpos com dias nublados e/ou com ocorrência de nevoeiros. A partir de setembro, ocorre um incremento significativo na disponibilidade de insolação e de energia solar. A disponibilidade de energia do município de Lajeado é similar a de Santa Maria, que é uma das regiões com a menor disponibilidade de energia do estado do Rio Grande do Sul.

A disponibilidade média de frio está na faixa de 200 a 300 horas anuais de frio, com temperatura abaixo de 7° C, no período de maio a setembro. Esta condição possibilita o cultivo de frutíferas, como goiabeira, pessegueiro, amoreiro preto, caquizeiro, figueira e algumas cultivares de videira e nogueira. A qualidade do frio da região, assim como em todo o Rio Grande do Sul, é prejudicada pela ocorrência alternada de períodos frios e quentes.

Estas condições de clima permitem que o município seja considerado climaticamente preferencial para o cultivo de alfafa, arroz, batatinha, bergamota, limão, mandioca, milho, pessegueiro, soja, trigo e olerícolas. Tolera-se climaticamente o cultivo de cana, fumo, laranja, sorgo e videira americana.

Em 2002 o Município de Lajeado adquiriu uma Estação Meteorológica Davis Pro, que foi instalada junto ao Pólo Tecnológico da Univates. Esta passou a registar e monitorar as variáveis climáticas a partir de 2003. Detalhes dos dados coletados são apresentados nas tabelas das médias das Temperaturas do Ar, da Precipitação Pluviométrica e da Velocidade do Vento.

Relevo


Unidade de relevo Serra Geral e Unidade de relevo Patamares da Serra Geral


Em termos geomorfológicos, conforme as definições estabelecidas pelo RADAMBRASIL(1996), o município de Lajeado apresenta-se inserido na Região Geomorfológica Planalto das Araucárias (unidade de relevo Serra Geral e unidade de relevo Patamares da Serra Geral). Nessa unidade, ocorre, junto aos rios de maior ordem hierárquica, no caso o rio Taquari (importante afluente do Rio Jacuí), que faz o limite leste do município e o rio Forqueta que faz o limite norte do município, a presença de Terraços fluviais em partes de suas margens.

O Planalto das Araucárias e a Depressão Central Gaúcha compõe o Domínio Morfoestrutural das Bacias e Coberturas Sedimentares abrangendo rochas da Bacia do Paraná, da fase efusiva. Essa área apresenta regiões geomorfológicas distintas, ou seja, áreas intensamente dissecadas, com nítido controle estrutural, compondo dissecação diferencial, entremeada por superfícies desnudas, retocadas e/ou degradadas. Há também áreas fraca ou medianamente dissecadas e densidade grosseira. O contato entre as depressões e a área planáltica é feito por escarpamentos em alguns trechos, enquanto em outros é simplesmente sem quebra de topografia.

A unidade de relevo Serra Geral (também denominada Rebordo do Planalto) em especial, são áreas propícias ao desenvolvimento e preservação de uma vegetação do tipo florestal. Essa unidade, abrange uma pequena área no setor oeste do município de Lajeado onde as altitudes chegam a 386m e é onde se encontram as nascentes de alguns tributários do Rio Forqueta e uma das nascentes que abastece o Arroio Saraquá, nome dado ao Arroio Moinhos a partir da RS-130, em direção ao Rio Taquarí. A rede de drenagem, em geral, adapta-se as linhas de fratura, contato estratigráfico ou zonas de cisalhamento, resultando um sistema de drenagem controlado.

Os Patamares da Serra Geral, correspondem aos terminais rebaixados em continuidade à unidade geomorfológica Serra Geral e Área Serrana, que avançam sobre as áreas referentes e à Unidade Geomorfológica Depressão do Rio Jacuí ao sul. Representa testemunhos do recuo da linha da escarpa a qual desenvolveu-se nas seqüências vulcânicas e sedimentos de cobertura da Província Paraná. Essa Unidade caracteriza-se no Município, por apresentar relevo heterogêneo, composto em toda a sua extensão por rochas básicas (basalto) englobando formas em colinas com pequeno aprofundamento dos vales fluviais, formas de relevo que apresentam forte controle estrutural e localizadamente ocorrem formas planares. As cotas altimétricas variam de 20m (próximo as várzeas dos rio Taquari e Forqueta) à 386m (nos topos das coxilhas). À sudeste do Município, margeando o Rio Taquari, encontram-se um desnível topográfico de aproximadamente 10m entre o sítio urbano de Lajeado com o leito do referido Rio. Segundo o Banco de Dados Geodésicos do IBGE, Lajeado está situado a 46,4869m do mar.

Na maioria dos casos, a dissecação feita pelos rios, forma vales largos com fundo plano e encaixados nas partes de cabeceira (nascentes), devido aos estágios de evolução da drenagem e do modelado de dissecação

Os sedimentos fluviais - Domínio Morfoestrutural dos Depósitos Sedimentares - compõe os terraços e várzeas, situados no extremo leste do município de Lajeado, às margens do Rio Taquari. As superfícies destes sedimentos, no município encontram-se em níveis altimétricos que variam de 20 a 40m.

Os depósitos sedimentares formam um conjunto de formas de acumulação recente que se distribuem de forma contínua, ao longo dos cursos d`água de maior ordem hierárquica. Estes, formam amplas e extensas planícies fluviais, numa superfície plana e alongada na direção norte/sul no que diz respeito ao Rio Taquari . Essa superfície, na maior parte dos casos, é destinada ao cultivo do arroz irrigado. Já os Terraços fluviais, correspondem a antigos leitos maiores dos rios, que foram reescavados, uma ou mais vezes, por retomadas erosivas de qualquer origem. Os aluviões dos terraços, (da mesma forma que os aluviões das várzeas atuais), dão indicação do sistema morfogenético vigente na época de sua formação.

O domínio morfoestrutural dos Depósitos Sedimentares corresponde a litologias do Quaternário com presença significativa de depósitos aluvionares, material coluvial e outros. Em termos gerais, é formada por material silto arenoso proveniente das cheias dos rios onde predominam as ações fluviais com destaque para as planícies de inundação, meandros abandonados, diques marginais entre outros.

As áreas que correspondem às de Depósitos Sedimentares recebem, periodicamente, materiais provenientes das cheias dos rios, isso significa uma continuidade no que se refere aos processos geradores e a própria manutenção dessas superfícies. Constitui uma área muito expressiva no que se refere ao potencial produtivo.


Bacias Hidrográficas

O quadro climático do qual o município de Lajeado faz parte, determina processos morfogenéticos exclusivos que possibilitam uma drenagem formada por rios perenes.



Malha hidrográfica do Município

A malha hidrográfica do Município estabelece uma drenagem do tipo dendrítica e em nível estadual estabelece que a mesma apresenta vários cursos que integram a bacia do Rio Jacuí.

O Rio Jacuí possui suas nascentes no município de Santa Bárbara do Sul e constitui uma das grandes bacias hidrográficas que banham o setor centro/leste do estado do Rio Grande do Sul.

Analisando o comportamento hidrográfico no contexto estadual, observa-se que, a malha hidrográfica do município de Lajeado abastece, na sua totalidade, a margem direita do rio Taquari.

O divisor de águas entre as diferentes sub bacias dos tributários dos rio Taquari e Forqueta está , morfologicamente, caracterizado por relevos colinosos e morros, que identificam geralmente nomes de moradores locais ou de localidades próximas à esses divisores, como por ex, o divisor onde nascem os Arroios que abastece o Rio Forquetinha que por sua vez deságua no Rio Forqueta é denominado de Divisor de Águas Arroio das Antas e Arroio Nova Santa Cruz. Esse divisor está localizado nas proximidades de Conventos.

Se observarmos no Mapa, a própria BR386 até o entroncamento com a RS 130, funciona como divisor de águas do restante do Município abastecendo, com os Arroios e Sangas (denominação local), ao norte o Rio Forqueta e ao sul o Rio Taquari.

As estruturas do substrato rochoso e o próprio desnível altimétrico entre as diferentes unidades de relevo presentes no município de Lajeado, estabelece uma certa heterogeneidade no comportamento da sua rede hidrográfica principalmente nas partes mais altas (altos cursos) dos tributários dos rios Taquari e Forqueta.

O rio Forqueta (limite norte do Município), percorre o estado do Rio Grande do Sul no sentido NO/SE, entre as escarpas do Rebordo do Planalto vindo desaguar no Rio Taquari, tornando-se um de seus mais importantes afluentes da margem direita.

Já o Rio Taquari, (limite leste do município), nasce da junção do Rio das Antas com o Rio Piraçupiá e desce, no sentido N/S entre as escarpas do Rebordo formando, ao longo de seu curso planícies aluvio-coluvionares, áreas essas, propícias para o cultivo do arroz irrigado.

Apresenta-se como um rio bastante volumoso (quanto ao volume de água) além de ser um importante afluente do Rio Jacuí.

VIEIRA, E. F. Rio Grande do Sul: Geografia física e vegetação. Porto Alegre: Sagra, 1984.
RADAMBRASIL, IBGE. Levantamentos de Recursos Naturais. Vol. 33, 1996.

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