Leia Coluna do Airton Engster dos Santos no Jornal Nova Geração de Estrela

sábado, 8 de junho de 2024

Estrela-RS - 25 Anos em 1901

Belvedere Odilo Afonso Thomé na Rua Chá Chá Pereira em Estrela

Em 1974, a cidade de Estrela celebrou a inauguração de um belvedere no término das ruas Chá Chá Pereira e Júlio de Castilhos. O evento contou com a presença de José Bauer, diretor da Cervejaria Polar, e Orlando Schaeffer, presidente da Câmara de Vereadores, que realizaram o corte simbólico da fita. O belvedere, com sua imponente escadaria, rapidamente se tornou um ponto de interesse local, proporcionando uma vista deslumbrante do Rio Taquari.

Além disso, foi construída uma ponte móvel, ligando uma ilhota no rio à terra firme, utilizando tambores como suporte estrutural. Apesar da inovação, a estrutura sucumbiu às frequentes enchentes do rio, sendo destruída pelas águas. Hoje, a escadaria do belvedere ainda permanece, oferecendo aos moradores e visitantes uma vista panorâmica do rio e lembrando a todos da rica história e beleza natural de Estrela. Airton Engster dos Santos, de Estrela, historiador.

Belvedere da Rua Chá Chá Pereira em Estrela

sexta-feira, 7 de junho de 2024

A Generosidade que Transborda de Joinville para Estrela - Enchente do Rio Taquari 2024






A Generosidade que Transborda de Joinville para Estrela: Crônica do Airton 32

Foi com um sentimento de desolação que os moradores de Estrela assistiram à enchente devastadora que varreu a cidade. As águas, impiedosas e indomáveis, transformaram ruas em rios e casas em ruínas, carregando consigo sonhos, histórias e memórias. Entre os escombros e a lama, surgia uma pergunta inevitável: como recomeçar?

É nos momentos de crise que a verdadeira essência da humanidade se revela. E foi exatamente isso que aconteceu quando Cristina Maslowski e Augusto Soares, através do projeto Somos Todos diCá, decidiram agir. Ao invés de se limitarem a observar o sofrimento à distância, eles se uniram às autoridades locais para prestar socorro às famílias mais afetadas. Havia uma necessidade de oferecer esperança, um lembrete de que ninguém estava sozinho.

Entre os muitos danos causados pela enchente, a destruição da Biblioteca Francisco Reckziegel Assis Sampaio foi particularmente dolorosa. A biblioteca, que servia como um santuário de conhecimento e cultura, agora era apenas um amontoado de detritos. Mas Cristina e Augusto, com uma visão de que o conhecimento é uma chama que não pode ser apagada, decidiram doar seus próprios livros para reconstruir o acervo. Cada livro doado era uma peça de um quebra-cabeça cultural, uma ponte entre o passado e o futuro.

Enquanto os livros encontravam seu caminho rumo a Estrela, algo igualmente mágico acontecia no Memorial Werner Schinke de Estrela. Os generosos moradores de Joinville, tocados pela tragédia que atingira seus vizinhos, entregaram peças inestimáveis para serem expostas no espaço cultural. Cada peça carregava consigo uma história, um fragmento da memória coletiva que agora ajuda a curar as feridas abertas pela enchente.

Cristina e Augusto, com suas ações altruístas, mostraram que a verdadeira riqueza não está nos bens materiais, mas na capacidade de compartilhar e cuidar do próximo. A enchente, que uma vez ameaçara apagar as memórias de Estrela, agora estava sendo superada pela correnteza de solidariedade que a comunidade recebeu.

Cada livro para a biblioteca e cada peça no memorial contam uma história de superação, lembrando a todos que, por mais difíceis que sejam os tempos, sempre haverá uma mão amiga pronta para ajudar a reconstruir o que foi perdido.

A generosidade de Cristina, Augusto e dos moradores de Joinville tornou-se uma inspiração, uma prova de que, mesmo diante das adversidades mais avassaladoras, o espírito humano pode encontrar maneiras de florescer. E assim, a cidade de Estrela continuou a trilhar seu caminho, com a certeza de que, juntos, somos todos mais fortes. Somos Todos diCá.

Airton Engster dos Santos - Historiador


Júlio Almeida e a Biblioteca Assis Sampaio de Estrela, após a enchente do Rio Taquari





A Saga de Júlio e a Biblioteca de Estrela! Crônica do Airton 31

Em uma cidade encantadora às margens do Rio Taquari, a Biblioteca Francisco Reckziegel Assis Sampaio era um refúgio de sonhos e um santuário de conhecimento. Naquele espaço, histórias ganhavam vida, viajantes embarcavam em aventuras inimagináveis e jovens mentes se nutriam com a sabedoria dos séculos.

Porém, em um dia fatídico, o rio mostrou sua face mais implacável. As águas invadiram a cidade de Estrela com uma força avassaladora, e a biblioteca, que antes resplandecia como um espaço de saber, foi engolida pela enchente. Livros, memórias e conhecimentos foram levados pela correnteza, deixando para trás apenas a devastação.

Entre os muitos corações partidos pela perda estava o de Júlio Almeida, um jovem estudante e ávido leitor. Para Júlio, a biblioteca era um segundo lar, um espaço onde ele podia viajar sem sair do lugar, explorando mundos e ideias que iam além das fronteiras de sua cidade. O lamento inicial logo deu lugar a um desejo ardente de reconstruir o que havia sido perdido.

Movido por um senso de dever e uma paixão inabalável pela leitura, Júlio se uniu à comunidade na campanha de doação de livros, em um esforço coletivo para trazer a biblioteca de volta à vida. Pessoas de todos os cantos começaram a doar livros, cada volume carregando consigo uma história de esperança e solidariedade.

Para Júlio, a biblioteca era um bastião da cultura leitora, um local onde o ideal democrático da informação florescia, permitindo que o conhecimento fosse acessível a todos, sem distinção.

O cheiro de livros novos e antigos misturava-se no ar, para abastecer as estantes, que aguardavam ansiosas pelos leitores.

A tragédia pode ser superada com a força coletiva de uma comunidade dedicada ao conhecimento. E assim, entre páginas e sonhos, a biblioteca num futuro não distante estará pronta para continuar a sua missão de iluminar mentes e transformar vidas.

Airton Engster dos Santos - Historiador

A Hora Alemã: Memórias e Esperanças - Crônica do Airton Airton Engster dos Santos



A Hora Alemã: Memórias e Esperanças - Crônica do Airton

Foi numa manhã de domingo que tive a honra de participar do programa "A Hora Alemã", um espaço acolhedor comandado pelo carismático Andreas Hamester, com a presença ilustre dos convidados Edson Scholz e Helmut Scholz. O relógio marcava pouco antes das nove quando nos acomodamos no estúdio da Rádio A Hora, ansiosos por compartilhar histórias que transcendem gerações.

O tema daquela manhã especial era a vida em comunidade, com um foco particular na venerável Comunidade Luterana de Novo Paraíso, parte da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana de Estrela. Fundada em 17 de fevereiro de 1863, essa comunidade é uma das mais antigas do Sínodo Vale do Taquari, um testemunho vivo da fé e perseverança que moldaram a região.

À medida que o programa se desenrolava, Edson e Helmut teciam uma tapeçaria rica de histórias, cada fio carregado de emoção e significados profundos. Helmut, com seu jeito sereno, rememorava os encontros das famílias que se reúnem no salão comunitário para compartilhar orações, mas também alegrias e tristezas cotidianas. Edson, por sua vez, trazia à tona histórias de eventos, cooperação e solidariedade.

Ouvi-los era como folhear um álbum de fotografias, onde cada imagem conta uma história de união. As palavras fluíam com uma cadência que acalmava, transportando-nos para uma realidade em que a vida, embora dura, é marcada por uma simplicidade genuína e um sentido de pertencimento profundo.

A Comunidade Evangélica de Novo Paraíso se mantém firme como um espaço de fé, irradiando luz e esperança para todos os que ali se encontram e compartilham. Sua história é entrelaçada com a história da região, uma narrativa contínua de dedicação e amor ao próximo.

Enquanto o programa avançava, sentíamos o peso e a beleza dessas histórias. A música que pontuava nossa conversa parecia embalar os ouvintes, como se cada nota tocada fosse uma lembrança dos antepassados, dos encontros festivos, das mãos que se estendiam em ajuda mútua.

Quando o relógio se aproximava das dez, e o programa chegava ao fim, um sentimento de gratidão pairava no ar. Andreas, com sua voz cálida, encerrava o episódio com uma mensagem de esperança, lembrando-nos da importância de preservar nossas raízes e cultivar nossas relações comunitárias.

Aquele momento, compartilhado com Edson, Helmut e Andreas, havia sido inesquecível. Foi uma celebração da vida em comunidade, uma poesia às memórias e esperanças que continuam a moldar a Comunidade Luterana de Novo Paraíso.

E assim, com o coração aquecido e a alma inspirada, seguimos adiante, carregando conosco as histórias daqueles que vieram antes, e a certeza de que, juntos, podemos construir um futuro ainda mais luminoso.

Airton Engster dos Santos - Historiador